Trump, Macron e a comunicação social
Deve dizer-se que boa parte do jornalismo dos EUA tem feito um bom trabalho na investigação e denúncia de alegadas falhas de Trump – desde acolher familiares na Casa Branca, como o seu genro Kushner, ou permitir que colaboradores seus tenham, ao que tudo indica, mantido contactos secretos com os russos.
A imprevisibilidade de Trump e a sua frequente mudança de discurso, às vezes após apenas algumas horas, tornam muito difícil o papel dos seus assessores de comunicação social. O Director de Comunicação da Casa Branca, Mike Dubke, demitiu-se. E o porta-voz Sean Spicer tem sido frequentemente colocado perante situações impossíveis (como aconteceu quando Trump desmentiu e horas depois afinal confirmou que passara segredos de Estado ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia). É provável que também Spicer abandone o cargo.
Entretanto, de França vieram boas notícias. Em encontro oficial com Putin, em Versailles, o recém eleito Presidente Macron falou publicamente com frontalidade e coragem das várias ameaças da Rússia, da Ucrânia à perseguição dos homossexuais na Chechénia, passando pelas interferências russas nas eleições nos EUA e em França. E não esqueceu alguns meios de comunicação social russos, que obedecem ao Estado de Putin, os quais “se têm comportado como órgãos de propaganda”.
Ninguém esperava uma atitude tão firme como esta, quando Macron está empenhado em reanimar a relação do seu país com a Rússia. E sobretudo porque a posição centrista de Macron poderia descambar em meias-tintas. Foi o contrário que aconteceu e ainda bem.