Politicamente situado sobretudo ao centro, inovador, irreverente e às vezes radical (de esquerda), o novo diário dava muito espaço a artigos de opinião, havendo quem lhe criticasse a escassez de notícias. Opinião que, por vezes, aparecia na primeira página. Aliás, o Independent destacou-se por ter capas imaginativas, opinativas e graficamente originais.  

 

O problema foi, como se calcula, financeiro. O jornal dava prejuízo há quase trinta anos. Na década de 90 do século XX enfrentou uma guerra de preços desencadeada por Rupert Murdoch, o riquíssimo australiano que em Inglaterra se tornara dono do Times e de vários jornais tabloides, sensacionalistas e muito populares.

 

Entretanto, o Independent teve sucessivos proprietários. O actual, desde 2010, é Alexander  Lebedev, um milionário russo, antigo dirigente do KGB. Não será o género de dono de um jornal de quem se gostaria, mas parece não existirem grandes queixas contra ele por parte dos jornalistas.  

 

O Independent chegou a vender mais de 400 mil jornais por dia, mas agora vendia apenas cerca de um décimo disso. Apesar de ter sido um dos primeiros jornais de referência a passar do formato grande para o formato tabloide e de ter avançado com várias outras inovações (como um suplemento dedicado aos jovens), o jornal não conseguiu recuperar as vendas e aposta agora apenas no on-line.

 

Aí, o Independent sofrerá a concorrência de outros jornais mais adiantados no on-line, mas que mantém a edição em papel, como o Daily Telgraph, o Guardian, o Daily Mail e o Mirror. Veremos se consegue aguentar-se numa área onde as receitas da publicidade são insuficientes e os conteúdos pagos se arriscam a afugentar leitores.

 

Mas o que o Independent teve foi sobretudo azar: nasceu numa altura em que os jornais em papel iniciaram o seu declínio. Vários outros acabarão, também, por se limitar a edições on-line. Se elas serão economicamente possíveis a prazo, essa é a grande dúvida.