Trocado por miúdos, isto significa que,  de acordo com a  nova lei da transparência para detentores de cargos públicos, nada impedirá,  doravante,  as Produções Fictícias de celebrar contratos com o Estado ou participar em concursos públicos.

Um alivio, decerto, para o novo governante, que nem se esquivou a considerar, peremptório, que, com a  venda efectuada, e atento “o regime jurídico“ agora em vigor,  já  “não se verificam quaisquer incompatibilidades e impedimentos”  para o exercício do  cargo.

Admitamos que tem razão, até porque a legislação neste particular, depois de estar adormecida durante vários anos, adaptou-se ao “l`air du temps”, para poupar as “famílias” no governo a mais desgostos.  Ou sarilhos.

Mas se já era bizarro (para ficar por aqui) um fornecedor de conteúdos da RTP, “saltar a barreira” e passar a geri-la na mesma área, como se fosse a coisa mais natural desta vida, até o impedirem de continuar, então ir tutelar a mesma casa, de onde saiu por causa de uma situação de reconhecido conflito de interesses, é algo absolutamente kafkiano.

O versátil “ajudante” de António Costa, compondo uma santa ingenuidade que não lhe fica bem, alegou até, em comunicado, que enquanto secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Média, não irá “intervir nas decisões relativas à negociação, celebração e execução de contratos referentes à programação e conteúdos das mesmas”, pois “tais decisões competem aos respectivos conselhos de administração”.

É preciso topete. E não fazer a menor ideia das regras elementares que distinguem a ética da apetência por uma sinecura…. Ou quando a ética não é flor que se cheire!...