São mal conhecidas as “mais-valias” que as televisões obtém, no “carrossel” das  audiências, com estes contratados de “luxo”, pagos com elevados “cachets”,  que superam, por vezes, os rendimentos auferidos noutras actividades.

O certo, porém, é que o seu número tem vindo sempre a aumentar, constituindo uma singularidade mediática, quer em termos europeus,  quer em relação a outras regiões do Globo.

Um programa decano nesta arte foi a “Quadratura do Círculo”, que mudou de estação, sendo rebpatizado “Circulatura do Quadrado”, um título absurdo pare nele caberem os mesmos protagonistas.

Mas o politico pioneiro e grande percursor deste movimento,  que domina as antenas do audiovisual, foi, sem dúvida, o actual Presidente da República, que fez escola e acabou a ser  seguido por numerosos “discípulos”.   

Se as contas da revista “Sábado”, citada pela Agência Lusa, estiverem certas, contabilizaram-se, em 2018,  mais de 70 políticos e ex-políticos  como comentadores nas televisões, rádios e jornais,  que receberam, no conjunto,  acima de 1,2 milhões de euros . É obra!...

Num estudo mais alargado,  o “Expresso” , sem pôr em causa estas contas, foi ainda mais longe e concluiu que, até Março,  havia registo de 95 políticos  “com tempo de emissão ou espaço de escrita garantidos”. Um fenómeno.

O certo é que esta originalidade está para ficar, enquanto os jornalistas têm sido progressivamente substituídos na  função de comentadores, facto que a presidente do respectivo Sindicato classificou a como algo equivalente a  ” dar o ouro ao bandido”.

À medida que se aproxima nova consulta eleitoral, desta vez para as Legislativas, é fácil antever a intensificação deste “modus operandi”, a pretexto  do esclarecimento do espaço público.

Um comentador politico residente goza, assim, do melhor de dois mundos: defende as cores do “clube”, à esquerda ou à direita, e ainda é bem pago…

Sinal dos tempos, em que se “governa” cada vez mais pelas televisões e um candidato a político precisa de ser, primeiro,  bom comunicador. E actor. A causa pública vem depois, como adorno para disfarçar o óbvio.