Os “media” e o sexo
Não é minha intenção apreciar a moralidade de A. Wiener, mas discutir a decisão do New York Post ao publicar a fotografia escandalosa. É possível que o tenha feito por razões políticas – Trump imediatamente aproveitou o assunto para criticar Hillary Clinton. E não será descabido especular que a mulher com quem A. Weiner trocava imagens e frases de cariz sexual tenha armado uma cilada à candidatura de Hillary: o New York Post não a identifica, mas diz que ela é apoiante de Trump.
Pode eticamente um jornal entrar no “jogo sujo” da política? Toda a gente dirá que não, claro. Infelizmente, porém, é algo que muitas vezes acontece.
Também se coloca aqui a questão do sexo como chamariz de leitores e de telespectadores. É bem conhecida a tradição dos principais “tablóides” ingleses de, na terceira página, publicarem uma fotografia de uma bela mulher mostrando o peito.
Hoje, com a multiplicação de imagens sexuais nos “media”, sem excluir a pornografia “hard core”, sobretudo na televisão e na internet, este género de fotografias já não terá o apelo – o “sex appeal”…- do passado. Ainda assim, julgo que a questão do sexo nos meios de comunicação deveria ser mais debatida na nossa sociedade.
Recentemente soube-se que um particular havia posto uma acção em tribunal contra jornais que publicam anúncios promovendo a prostituição. De facto, na secção de “classificados” de alguns jornais, incluindo jornais desportivos, os anúncios de “serviços sexuais” (prostituição, naturalmente) são realmente chocantes pelas imagens e pelos textos. Até porque tudo aquilo está diariamente ao alcance de crianças e jovens, para quem este tipo de material pode representar um choque para o qual não estão preparados.
É isto moralismo serôdio? Não: é apenas lembrar que não vale tudo para vender jornais e conquistar audiências.