Os jornais perdem a casa e as televisões a cabeça…
O desprezo pela história dos dois jornais é manifesto. A indiferença dos poderes públicos também.
A agonia da Imprensa prossegue e, descontadas algumas piedosas declarações - que não passam disso -, o que se confirma é a opção pela negociata rendosa, ao vender património e realizar mais-valias chorudas, “surfando” a onda especulativa imobiliária, com a cumplicidade das autarquias de Lisboa e do Porto, incapazes de contrariar a morte anunciada destas memórias das cidades.
É verdade que não são só os jornais a serem sacrificados. A febre que se apossou dos especuladores, aliada à permissividade dos autarcas, tem vindo a descaracterizar Lisboa e o Porto , cada vez mais virados para os turistas e menos para o bem estar dos residentes.
Mas os jornais , que já são vítimas da crise do papel e da incapacidade dos seus responsáveis para agilizar os métodos e encontrarem alternativas , estão a desaparecer, também, da paisagem urbana da qual fizeram parte .
O silêncio e o secretismo que hoje acompanham estas operações imobiliárias contam com vários conluios, e os jornalistas só podem lamentar a sua própria apatia.
De facto, vai longe o tempo em que os jornalistas do DN dinamizaram um movimento que travou a primeira investida para vender a sede do matutino, no topo de avenida da Liberdade. Depois, mudaram os tempos, mudaram as administrações, mudaram as direcções editoriais e mudaram as vontades. Quanto ao JN, que se saiba, não houve sequer reacção. E quem cala consente… a garagem devoluta.
Vive-se em Portugal uma transição mediática estranha. A imprensa perde terreno e a televisão perde a cabeça com a “guerra das audiências”.
Só isso explica que o Presidente das República se lembre de telefonar a entretainers e se preste a caucionar, com a sua presença, a emissão inaugural de um programa velho chamado “Quadratura do Círculo”, dispensado pela SIC , e repescado pela TVI, travestido em “Circulatura do Quadrado” (!!!... ). Uma aberração. Com o beneplácito presidencial…