Os jornais e os partidos
Em 1864 surgiu o Diário de Notícias, com uma perspectiva mais informativa, logo com mais notícias e menos opinião. E apostando também na reportagem, na altura pouco praticada na Imprensa portuguesa. Mas o exemplo do DN não teve grande seguimento por parte dos outros jornais até 1926.
A partir da ditadura militar e do Estado Novo que lhe sucedeu a censura matou a opinião livre. Os jornais só publicavam opiniões favoráveis ao regime, e mesmo essas eram por vezes cortadas, total ou parcialmente, pela censura. Os jornais foram forçados a voltarem-se para o jornalismo informativo, que também era censurado (por exemplo, eram proibidas notícias sobre suicídios), mas onde havia margem para textos sem incidências políticas nem considerados ofensivos ou perigosos para os costumes defendidos pelo regime.
Alguns jornais conseguiram sobreviver assumindo a sua oposição ao regime – caso do República e, em menor grau, do Diário de Lisboa. Mas era uma tarefa ingrata, de tal modo a censura dificultava a vida a esses diários.
E depois do 25 de Abril, desaparecida a censura? Há quem estranhe não terem aparecido em Portugal jornais claramente alinhados com posições políticas. Na Grã-Bretanha, por exemplo, toda gente sabe que o Daily Telegraph é de direita e o Guardian de esquerda. Como acontece em França com o Figaro (direita) e o Le Monde (esquerda); ou em Espanha com o ABC (direita) e o El Pais (esquerda), etc. Por ocasião de eleições, muitos desses jornais declaram abertamente o seu sentido de voto (sobretudo na Grã-Bretanha).
Por cá quase nada disso acontece. Porquê? Por um motivo simples: a circulação dos jornais portugueses é tão pequena – e está nos últimos tempos a diminuir dramaticamente – que eles não podem alienar leitores afirmando-se adeptos do partido A ou do partido B. Os leitores que não tivessem essa opção político-partidária deixariam de os comprar.