Outro tema que costuma invadir   a Imprensa e os audiovisuais é o das “migrações”. Mas tal, como os anteriores, obedecem a um  tratamento editorial distinto consoante  as  circunstâncias.

Se se trata de barcos encontrados no Mediterrâneo à deriva (ou quase), carregados de gente transportada em condições deploráveis -  vítimas do engodo de traficantes e da miséria sem esperança nos países de origem -,  os media contribuem – e bem – para um movimento de solidariedade e de acolhimento .

Mas se estão em causa quase quatro  milhões de venezuelanos, que deixaram o país em desespero -   desde 2015 até meados  deste ano -, empurrados por um regime que arruinou um país dono de importantes reservas de  petróleo, a reacção da mesma grande Imprensa internacional  perde  fulgor e fica  surpreendentemente  parcimoniosa .

Donde se conclui que o “jornalismo de causas”  faz as suas opções e que a avaliação  da importância da mesma realidade pode depender da latitude, do credo e da oportunidade política para obter   eco mediático.

Empolar ou silenciar um acontecimento, segundo uma determinada conjuntura, óptica ou conveniência de grupo ou de capela, passou  a ser o filtro usado por numerosos  media, que abandonaram  a  factualidade e gerem  dependências.  Um triste sinal dos tempos.