O essencial do discurso de Mário Centeno consistiu em afirmar os méritos da sua governação e dos bons resultados alcançados com as opções feitas. Resultados expressos na melhoria do deficit, na redução do desemprego (temos mais e melhor emprego!) , na travagem dos fluxos migratórios dos jovens, na afectação de mais recursos à saúde e à educação. Daí que Portugal enfrente hoje o futuro de uma forma muito mais positiva, sendo o equilibrio orçamental conseguido e a consequente redução da dívida, um seguro para o nosso futuro coletivo. Ao  mesmo tempo, e por causa disso, aumentou a auto estima dos portugueses e a melhorou a imagem de Portugal no mundo, país que passou a ser visto como um porto mais seguro.

Confessou-se orgulhoso do seu programa e classificou as suas propostas baseadas num modelo visando o crescimento do rendimento - apresentadas em 2015, ainda no tempo do anterior governo -, como  inovadoras e pioneiras. Três anos depois, já pode avaliar essa trajetória e confirmar a justeza dessas opções. Espera agora que política económica possa ter continuidade, e que através do equilibrio orçamental, do investimento e da excelência do capital humano se crie uma sociedade mais horizontal. Não enjeita reconhecer que para este sucesso também contribuiu uma solução politica inovadora.

A vasta e interessada assistência do Grémio terá saído da sala reconfortada com a serenidade, a confiança e  o otimismo expressos pelo nosso Ministro das Finanças. Eu entendo que "crescimento" é sinónimo de "saúde" de qualquer sistema económico. Mas não partilho inteiramente deste sentimento de euforia. Pois, se a economia europeia (onde se integra a economia portuguesa) cresce de forma regular há cinco anos, Mário Centeno - que se revela um economista da escola do crescimento -,  tem sido, desde que tomou posse, há pouco mais de dois anos e meio, o Ministro das Finanças de um Governo que governa no embalo de uma saudável envolvência económica (à qual não são alheios as baixas taxas de juro, a cotação do petróleo, a expansão da economia digital e o boom do turismo). Ou seja, como economista capaz de enfrentar uma eventual crise (onde lhe competirá diagnosticar as causas e prescrever o tratamento), Centeno ainda não foi posto à prova.

Deixou no ar o aviso de que o crescimento económico desacelera. Estará certamente atento aos sinais de crise que a situação na Itália, o Brexit, a complexidade da situação internacional - em particular no Médio Oriente - prenunciam. Para nós, portugueses, bom seria que o otimismo de Centeno se mantivesse por longo tempo!