O estado a que isto chegou…
A confimar-se o desmantelamento de boa parte do Grupo editorial que Francisco Pinto Balsemão impulsionou, lançado a partir da derrocada do Diário Popular - o vespertino propriedade da família onde descobriu o seu gosto pelos media - será uma péssima noticia para o futuro próximo da Imprensa em Portugal.
Havia fortes indícios das fragilidades, ditadas pelos desequilíbrios financeiros, que estavam a corromper a independência das redacções.
Escrevemos nesta mesma coluna - antes da interrupção sazonal das actualizações diárias do site do CPI – que quando os principais grupos editoriais se debatem com não poucas incógnitas, a vulnerabilidade das redacções deixa o jornalismo sem rede.
E lembrávamos que são já escassos os “refúgios” para escrever com independência. Informar está a converter-se num jogo de dependências.
Há quase meio século havia uma censura que incomodava Balsemão e todos os jornalistas que sonhavam com a liberdade de Imprensa. Hoje - não se duvide -, há novas censuras e autocensuras.
Pode ser o princípio de outro mau fim. Ser jornalista está a ficar um ofício perigoso. Excepto para os invertebrados, que não são jornalistas.
O que então escrevemos ficou agora reforçado com a instabilidade assumida pela Impresa, perante um quadro de insuficiência de meios alarmante e com uma dívida à Banca que poderá ser superior a 160 milhões de euros, segundo algumas fontes.
Se for por diante a venda de activos, ainda com alguma expressão no mercado – casos da Visão, Caras ou Exame, por exemplo - tendo como alternativa o fecho de outros títulos, as primeiras vítimas serão naturalmente os jornalistas, já confrontados com a precarização do emprego e a exiguidade do mercado de trabalho . Mas não só.
O temido naufrágio do Grupo Balsemão poderá convencer outras empresas editoriais a aceitarem os “favores” do poder político do dia, como “tábua de salvação” para evitarem o colapso. Não há almoços grátis. Muito menos quando um Governo está acossado por uma série de acontecimentos nefastos que o faz temer pelo resultados das eleições próximas.
Se os media não souberem ou não puderem vingar pelo rigor e imparcialidade serão vítimas num prazo curto. Nesse dia, se chegar, o jornalismo estará sentenciado à agonia. E com essa agonia a sobrevivência da Democracia, como a conhecemos, será uma questão de tempo.
O novos “polícias dos costumes” já nem disfarçam, seja para proibir sob a forma de “recomendação” os livros escolares para meninos e meninas, em nome da “igualdade do género”, ou para acusar de “homofobia”, “islamofobia” ou qualquer outra “fobia” quem insistir em pensar pela própria cabeça e não alinhar em modas “politicamente correctas”, inventadas pelos novos inquisidores assalariados pelo Estado a que isto chegou.