O declínio da Imprensa escrita
Pior: apesar dos esforços desenvolvidos por vários títulos no sentido de angariarem assinaturas pagas, a opção digital não chegou para cobrir e compensar a diminuição da circulação impressa.
Prossegue, assim, o definhamento de jornais e revistas, aprofundando uma crise que ganhou maior cidadania durante a pandemia, devido a restrições várias, incluindo o confinamento domiciliário que, obviamente, se repercutiu no acesso aos postos de venda.
A pandemia também induziu novos hábitos de leitura, de informação e, até, de trabalho que, inevitavelmente, teriam de influenciar o consumo de jornais e revistas.
Este quadro adverso foi ainda agravado com o aumento substancial do preço do papel, o que provocou a subida generalizada dos preços de capa.
A tenaz apertou-se mais sobre a Imprensa com a fuga da publicidade para outros media, designadamente, para as grandes plataformas tecnológicas e redes sociais na moda, mais procuradas pelo publico jovem.
Dir-se-á que o fenómeno não é exclusivamente português. Todos os dias chegam novas notícias sobre publicações que fecham, quer na Europa quer nos Estados Unidos, e de outras que sobrevivem com dificuldades.
Mas, ao contrário do que está a suceder em Portugal, com raras excepções, os jornais de referência souberam reinventar-se e agilizar soluções inovadoras, que mantiveram as suas posições intactas nos respectivos mercados, alargando, inclusive, a sua influência.
Claro que isso implica estratégia, informação e capacidade para perceber e interpretar as novas tendências de consumo da informação, numa era em que o algoritmo e a robótica estão a revolucionar os modelos de produção editorial.
Esse investimento - o de natureza tecnológica e o sensorial de percepção do interesse dos leitores -, tem escasseado em Portugal. Por isso, assiste-se à agonia de jornais, até com passado centenário, cujo arquivo histórico é considerado um tesouro para actuais e futuros estudiosos.
E, quando está em causa a sobrevivência, as soluções são invariavelmente ditadas pela urgência e não pelo bom senso. Ou pela criatividade.
O quadro apresenta-se sombrio, como o comprovam os resultados apresentados pela APCT sobre as tiragens auditadas no ano findo. Menos exemplares em banca de jornais e revistas. Mais caros e mais dependentes. O futuro está cada vez mais à distância de um click …