Algo semelhante ao que ocorreu com o aparecimento da escrita que permitiu criar, preservar e transmitir registos sobre pessoas, sobre acontecimentos e sobre negócios. Associada à escrita surgiu mais tarde a grafia dos números e o cálculo. A escrita e a matemática, num dado momento, influenciaram a filosofia, a política, a justiça, a religião e o comércio. E alavancaram de forma decisiva e irreversível o curso da civilização. Com a revolução digital - afinal é disso que falamos! -, a sociedade sofrerá um novo e decisivo impulso, e nada voltará a ser como dantes.

Pensando na economia, e vistas as coisas de uma forma simplificada, verificamos que o comércio de bens e serviços é regulado por leis universais. Em primeiro lugar pela lei da oferta e da procura que ao formar os preços desses bens e serviços estabelece equilíbrios. Os agentes económicos são os produtores e os consumidores e o  mercado é o cenário onde a ação decorre. Após a Revolução Industrial, a produção em massa  passou a socorrer-se da comunicação para divulgar a oferta e criar a procura. Nasceu  o marketing e a publicidade, um sector que, num ciclo que parece estar a fechar-se, foi motor gerador de investimentos e de emprego.  Foi a época dourada do desenvolvimento da comunicação social em que muito se falou de  emissores, receptores, meios  e mensagens. 

Ora, tudo isto parece estar a mudar. Numa sociedade dominada pela informação os produtos falam por si, apresentam-se e vendem-se a eles próprios, a  comunicação e o comércio tendem a fundir-se e o mercado transforma-se num espaço dinâmico, fluido e supranacional.  Por outro lado, a globalização associada à informação ameaça diluir as fronteiras entre estados, põe em causa a fiscalidade, e. no final, poderá influenciar as relações de trabalho e inviabilizar o estado social. Numa sociedade de homens e mulheres cultos e informados,  até a democracia de um homem um voto pode deixar de fazer sentido.

Mais do que uma avanço quantitativo - na senda do tão almejado crescimento da riqueza produzida - estamos perante um salto qualitativo, aquilo a que chamei a quarta revolução, depois da linguagem, da escrita e da imprensa. Nesse aspecto, ele difere do do salto quantitativo que esteve na origem do capitalismo que foi o input energético trazido, primeiro pelo carvão, depois pelo petróleo e pelo gás natural. Irá o capitalismo sobreviver ao salto qualitativo da sociedade da informação?

Acredito que no novo paradigma haverá ganhos de eficiência, sobretudo no plano energético, mas não serão suficientes para diminuir a pegada ecológica, pois tal como postula o paradoxo de Jevons, "o aumento de eficiência na utilização de um recurso leva a um aumento do consumo global desse recurso". Se tal acontecer, a ameaça das alterações climáticas não vai ser mitigada. Serão muitas as mudanças que irão ocorrer nos planos político, social e laboral. O maior de todos os riscos tem a ver com a complexidade tecnológica necessária para manter e desenvolver uma sociedade de informação. Tenho presentes as ideias de Joseph Tainter e a sua teoria que diz que quando os custos de aumentar a complexidade superam as vantagens que ela traz, a sociedade tende a colapsar. O caminho para a era da informação não se apresenta fácil.  Mas como não se vislumbra outro, vamos ter de o percorrer.