Combater as notícias falsas
Também na Alemanha as notícias falsas alastram. Para já, elas visam sobretudo os refugiados, promovendo alarmismo na sociedade. O que não ajuda a chanceler Merkel (as eleições na RFA serão em Setembro).
Esta nova moda dos “factos alternativos”, como lhe chamou o porta-voz de Trump (porventura sem perceber a ironia do que falava), abala a credibilidade dos próprios órgãos sérios da comunicação social – instala-se a desconfiança.
Mas alguma coisa se pode e deve fazer para conter os malefícios das notícias falsas. Aliás, já existe quem o faça. Entre nós, é sobretudo o caso do jornal electrónico Observador, que desde Junho de 2015 frequentemente publica o que se chama “Fact Checks”, “mas agora vai aumentar a produção deste modelo jornalístico, com o objectivo de ajudar os leitores a distinguirem com maior facilidade entre a verdade e a ilusão”. É de saudar esta prática.
O método consiste em analisar uma determinada frase dita ou escrita no espaço público e que possa levantar dúvidas, investigando o seu grau de maior ou menor veracidade. Não se trata, obviamente, de uma decisão infalível, como o próprio Observador reconhece. Mas é um contributo sério e importante para elucidar os leitores.
Aliás, o “Fact Checks” é hoje utilizado em inúmeros “sites” no mundo e existe já uma Rede Internacional de Fact-Checking, do Poynter Institute for Media Studies. E jornais de qualidade, como o New York Times e o Washington Post nos EUA, e o Le Monde e o Libération, em França, recorrem a esta saudável prática.
A propósito, vale a pena lembrar um recente caso que se passou na SIC. Contrariando uma afirmação do jornalista dessa estação televisiva Bernardo Ferrão, o eurodeputado do PCP João Ferreira afirmou que jamais o seu partido havia pedido a demissão de um ministro. A resposta de B. Ferrão foi arrasadora: passou no pequeno écran uma meia dúzia de imagens em que membros do PCP pediam… a demissão de -ministros. Foi um momento alto de televisão!