Mesmo nos Estados Unidos, os jornalistas são confrontados com um Presidente eleito, que os toma por adversários e os hostiliza abertamente, como  aconteceu, recentemente,  no tradicional jantar dos correspondentes  acreditados na Casa Branca, ao qual ostensivamente faltou.    

A Imprensa atravessa uma fase delicada, devido à continuada migração de leitores e de publicidade para suportes digitais, em concorrência, também,  com as redes sociais e as plataformas multimédia criadas pelos grandes motores de busca.

Sem atinar com a melhor opção para sobreviver à queda de tiragens e de receitas comerciais, a Imprensa tem procurado compensar o declínio do suporte em papel  com  extensões na Internet, embora com resultados frouxos.

A debilidade da Imprensa tem sido usada por quem convive mal com a liberdade de informar. E os poderes políticos do dia não perdem tempo.

No ranking da Liberdade de Imprensa, elaborado anualmente pela organização Repórteres sem Fronteiras, Portugal aparece  bem classificado no Top 20 dos melhores, entre 180 países, dos quais 72 atravessam  uma situação “difícil” ou “muito grave”. Mas não nos iludamos.

Há sinais que seria errado ignorar, quando boa parte da Imprensa generalista se encontra num estado aflitivo, devido a défices crónicos , que a expõem às mais perversas dependências.

A inclinação de uma certa Imprensa para assumir um comportamento “oficioso” e seguidista tem antecedentes históricos e culturais. E alimenta-se da expectativa de que uma aproximação ao poder possa trazer-lhe alguns benefícios. Não traz e compromete a sua credibilidade.

De acordo com o relatório dos Repórteres Sem Fronteiras, “a liberdade de imprensa nunca esteve tão ameaçada” (…) “ Em cinco anos, o índice de referência usado pela RSF sofreu 14% de degradação. Este ano, cerca de dois terços (62,2%) dos países listados registaram um agravamento de sua situação, enquanto o número de países onde a situação para os media  é considerada "boa" ou "quase boa" diminuiu em 2,3%”.

Dá que pensar. Sem liberdade de Imprensa não há Democracia. E esta tem inimigos declarados - ou  dissimulados -, quer à Esquerda, quer à Direita. Os regimes autoritários instalam-se primeiro e anunciam-se depois.