Os “comentadores” encartados saltitam de um estúdio para outro e têm espaços cativos em jornais, desde políticos na reforma ou no activo, a jornalistas que não escondem as suas capelinhas ideológicas, actuando  em função delas.

A preguiça instalou-se nas redacções – incluindo os escassos meios que ainda se reclamam de “referência” - e raras são aquelas onde ainda subsiste agenda, para simular algum esforço de reportagem, de pesquisa e de tratamento qualificado da informação, longe da obsessão das redes sociais..

A situação descrita por Barreto continua, infelizmente, a pontuar  a realidade mediática : “Quem marca a agenda dos noticiários são os partidos, os ministros e os treinadores de futebol. Quem estabelece os horários são as conferências de imprensa, as inaugurações, as visitas de ministros e os jogadores de futebol.”

O seguidismo militante, que tem contaminado o jornalismo português, nota-se pela forma como o primeiro ministro ou o Presidente da República são acompanhados  aonde quer que se desloquem, e abordados sistematicamente,  de uma forma acrítica, como se fossem mais dois comentadores.

A agenda mediática confunde-se com a agenda política. Em vez de se documentarem e reflectirem seriamente sobre os problemas que vicejam no espaço público, sobram os jornalistas que  preferem “surfar” a onda que estiver na moda do “politicamente correcto”.

“A concepção do pluralismo é de uma total indigência (…)”, acusava  ainda Barreto. E com razão.  Quem poderá contestar essa leitura pessimista e sombria , quando se observam múltiplos fenómenos  de  mediocridade impante,  que desfila nos telejornais e nos painéis de pseudo-debates nas televisões ?

A imbecilização do País, através de doses maciças de  futebol  - servidas em estúdio e em “directos” dos relvados -, e de gente promovida a “comentador”  político, sem nada que a recomende para tal,  é assustadora. 

Falta o critério profissional, escasseiam o rigor e a independência, e sobeja o enfeudamento ao poder do dia.

A fragilidade da maior parte das empresas jornalísticas deu nisto. E a democracia ressente-se.