A Imprensa na mó de baixo …
O “Público”, concorrente mais directo na área a que se convencionou chamar jornais de referência, foi o que menos caiu, mas situa-se abaixo dos 20 mil exemplares de circulação paga, o que implica que se mantenha nos “cuidados continuados” e com “respiração assistida”. Com o desaparecimento de Belmiro de Azevedo, que garantiu teimosamente a sua manutenção, apesar dos prejuízos , o futuro do jornal é outra incógnita.
A alternativa para ambos os títulos parece ser a aposta digital, que está em curso, talvez com edições em papel ao fim de semana, destinadas a um nicho de mercado e a um público mais elaborado. Não faltará muito para o sabermos e 2018 poderá bem ser um ano de viragem.
Os semanários e as newsmagazines não estão melhores, com o “Expresso” a perder terreno, lançando dúvidas acerca do futuro do “navio-almirante” de Balsemão, enquanto as revistas “Visão” e “Sábado” acusam um desgaste percentual nas vendas que não é de bom augúrio.
Tudo somado, são muitas as interrogações que se colocam no dealbar de 2018, agravadas pela renúncia do Grupo Balsemão à maioria do seu portfólio de publicações, que deverão transitar, proximamente, para as mãos de um ex-jornalista convertido em empresário, que já fechou o “Diário Digital” e, antes, uma newsmagazine, o que não constitui a melhor garantia de preservação para os títulos envolvidos na transacção.
Foi, contudo, no digital que se observaram, em 2017, as experiências jornalísticas mais bem sucedidas , com relevo para o “Observador”, e, depois, para o jornal económico “Eco”. Em ambos os casos - mas principalmente no primeiro -, sentiu-se haver arejamento criativo, com base num espírito editorial empreendedor e independência informativa, juntamente com uma opinião qualificada. Merecem acompanhamento de perto.
Entre as incógnitas e a novidade, o jornalismo precisa urgentemente de reencontrar-se e de perceber que as redes sociais o não substituem. Nem dispensam.