Jacques Julliard, considerado uma figura emblemática da “segunda Esquerda”, morreu a 8 de setembro, tinha 90 anos. Foi jornalista no Nouvel Observateur e, mais recentemente, da revista Marianne, além colunista no Figaro. Nascido em 1933 em Brénod, no Ain, num ambiente rural de classe média, e desde muito cedo que se envolveu na política – com o bisavô, avô e também o pai como presidentes da câmara local.

Em criança, viveu a ocupação: "Senti fisicamente o medo dos alemães (...). Alguns [dos meus amigos] foram deportados", contou ao programa Répliques d'Alain Finkielkraut. 

Mas para Jacques Julliard, a reconciliação franco-alemã era "o maior ato político do século XX" e a construção europeia era um enorme benefício – independentemente dos seus fracassos.

Em criança, viveu dividido entre o catolicismo da mãe e o agnosticismo do pai, e que trocou o Collège Bichat de Nantua (Ain) pelo Lycée du Parc de Lyon.

Através da rede social X, antigo Twitter, Natacha Polony, chefe de redação da revista Marianne, prestou-lhe homenagem: "Caro Jacques, ofereceste à Marianne a tua humanidade, a tua imensa cultura e a tua inteligência. Obrigada do fundo do meu coração".

Além da sua carreira de escritor, Jacques Julliard foi também sindicalista, membro da direção da confederação da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) e colaborador da revista Esprit.

Anticolonialista, Jacques Julliard rejeitava partidos, preferindo o sindicalismo e, depois de entrar na Escola Normal Superior em 1954, juntou-se à UNEF - União Nacional dos Estudantes da França, da qual foi vice-presidente de 1955 a 1956. Foi membro da direção nacional do Sindicato Geral da Educação Nacional (SGEN) da Confederação Francesa dos Trabalhadores Cristãos (CFTC) e, mais tarde, membro do gabinete CFDT. Deixou o cargo em 1976, mas manteve-se próximo do sindicato.

Desenvolveu e defendeu a modernização da ideologia do partido, o da “segunda Esquerda”, por oposição à primeira, a esquerda "mitterrandista".

Além do envolvimento sindical e político, o historiador era conhecido por escrever para vários jornais de relevo da imprensa nacional. No final dos anos 60, tornou-se um dos pilares do Nouvel Observateur, juntamente com Jean Daniel, fundador da revista de esquerda.

Deixou a publicação ao fim de 32 anos e, em 2010, entrou para o a revista Marianne. Em 2017, aos 84 anos, escrevia também uma coluna mensal no Le Figaro.