Duas jornalistas com experiência de reportagem em contextos de conflito fundaram uma organização, Good Conflict, com o objectivo de ajudar os profissionais de média a fazer a cobertura de situações conflituosas de forma mais construtiva.

“Ao incorporarmos conhecimentos das neurociências, mediação de conflitos, psicologia social e jornalismo de soluções, tornamos mais fácil a resposta à discórdia sem cair no desrespeito”, pode ler-se no site da organização.

Um dos primeiros materiais criados no âmbito desta organização é o Good Conflict Toolkit, um guia com pistas práticas para “repórteres que desejem abolir a tão comum narrativa ‘nós contra eles’”, explicam as autoras numa mensagem de apresentação.

Cientes de que o conflito faz parte das histórias humanas e de que o objectivo não é eliminá-lo, mas sim torná-lo tão útil quanto possível, a metodologia sugerida resulta da “aplicação da investigação sobre conflitos às interacções da vida real”.

No guia, as jornalistas mostram a diferença entre conflitos mais destrutivos e os denominados “conflitos bons”, constrastando características como “superioridade” e “curiosidade”, “simplificação” e “complexidade”, “probabilidade de violência” e “improbabilidade de violência”, respectivamente.

O Good Conflict Toolkit também identifica elementos que tendem a funcionar como pontos de ignição dos conflitos menos edificantes, bem como passos para uma comunicação mais construtiva mesmo perante situações com altos níveis de divergência.

As autoras sugerem, ainda, uma lista de perguntas que podem ser usadas em coberturas jornalísticas orientadas para o “bom conflito”, tais como “O que gostaria que entendessem melhor sobre a sua posição?”, “Qual acha que é o argumento mais forte do outro lado?” ou “Em que aspectos se sente dividido?”

A Good Conflict foi criada por Amanda Ripley, jornalista de investigação, autora de best-sellers e correspondente da revista Time, onde escreveu sobre comportamento humano, e Hélène Biandudi Hofer, jornalista, realizadora de documentários e coordenadora de programas dedicados a divulgar respostas a desafios sociais.

Amanda Ripley é também conhecida por ter criado a abordagem “Complicating the Narratives”, um conjunto de propostas para a cobertura mais empática de assuntos com tendência polarizadora.

A organização dá formação e consultoria, e cria e divulga recursos práticos para jornalistas, redacções e outros profissionais que lidem com contextos de conflito.

As jornalistas juntaram-se ao Lenfest Intitute, organização que apoia a divulgação de boas práticas para soluções jornalísticas sustentáveis, para lançar o Good Conflict Toolkit.