Jornalistas do Bangladesh temem pela sua segurança
Perante os acontecimentos dos últimos anos no Bangladesh, relativamente a casos de prisão e violência contra repórteres, os jornalistas começam a ficar preocupados com a sua segurança naquele país.
Há pouco tempo, um repórter foi espancado, arrastado do seu escritório e atirado do telhado do seu prédio, deixando-o com várias fracturas.
O jornalista, Ayub Meahzi, acredita que foi alvo desta situação por causa das suas reportagens sobre supostas ligações do governo local com um grupo criminoso.
O ataque em Chattogram, também conhecido como Chittagong, no Bangladesh, aumentou os receios sobre a existência da liberdade de imprensa no país.
Mas, a questão está a agudizar-se e a atingir jornalistas que fazem peças aparentemente inofensivas, como é o caso de, Shamsuzzaman Shams, um jornalista que trabalha para o maior jornal do país, o Prothom Alo, e que foi preso recentemente, por causa de uma reportagem que terá feito sobre o preço elevado dos bens alimentares e o custo de vida no Bangladesh.
Os jornalistas e grupos que defendem a liberdade de imprensa, dizem que o país sofre, desde a introdução, em 2018, da Lei de Segurança Digital (Digital Security Act, ou DSA), uma lei sobre crimes cibernéticos, que o governo diz ter como objectivo impedir a propaganda e material extremista online, com dezenas de prisões, intimidação e violência contra jornalistas.
“Desde a DSA, temos sido cautelosos para não nos colocarmos na prisão, porque é fácil… e é um medo absoluto”, diz um jornalista que trabalha numa publicação de notícias online.
No entanto, apesar de evitar falar sobre o governo, os jornalistas dizem que “o ataque” ao colega da Prothom Alo, que gerou grande consternação geral no país, mostrou a forma como os jornalistas podem enfrentar repercussões por uma série de questões, incluindo a de danificar a “imagem nacional”.
De acordo com os dados do Centro de Estudos do Governo do Bangladesh, já houve mais de 600 processos movidos contra jornalistas, depois da adopção da DSA. Quase metade destes casos foram movidos contra pessoas afiliadas a um partido político ou a funcionários do governo.
Ahasan, um jornalista que vive agora nos Estados Unidos, diz que estas situações deixam muitos jornalistas a pensar no seu futuro, com alguns a quererem sair do país e outros à espera de uma mudança, que surja, eventualmente, através das eleições, enquanto evitam cobrir tópicos delicados e suavizam a linguagem que usam nas reportagens.
Ali Riaz, professor de política na Illinois State University, diz que o país está a sofrer, porque os jornalistas têm medo de fazer trabalhos de investigação sobre questões como a corrupção.
Na opinião de Riaz, “os jornalistas já não pensam «custe o que custar, vou descobrir quem está por trás disto». Em vez disso, pensam: qual é o mínimo que posso escrever sobre isto e ficar vivo?'”