O Palácio de Buckingham e o News Group Newspapers (NGN), terão celebrado um acordo secreto relativamente a um processo de escutas telefónicas sobre a família real, intentadas por um dos seus tabloides britânicos. Quem o afirma é o seu irmão Harry, em documentos judiciais, agora divulgados.

Harry lançou acções jurídicas contra jornais britânicos, aos quais acusa de obterem informações de forma ilegal, inclusive contra o News Group Newspapers (NGN), editora do The Sun e do News of the World, que faz parte do império do magnata Rupert Murdoch.

Harry está entre as seis figuras públicas envolvidas num processo contra o Daily Mail, que acusam de obter informações de forma ilegal.

O juiz está, ainda, a analisar as acusações para decidir se são passíveis de seguir para julgamento.

Os documentos, que afirmam que a NGN chegou a um acordo não revelado com o príncipe William, fazem parte do processo do duque de Sussex, Harry, contra o grupo de media, e que inclui alegações de que a NGN interceptou ilegalmente mensagens de correio de voz, obteve informações privadas de modo fraudulento e usou investigadores particulares para obter as informações ilicitamente.

Numa resposta ao tribunal, o duque de Sussex, diz que as suas informações são baseadas num documento escrito, no qual o príncipe William assina esse acordo.

Harry diz que soube do acordo em 2012. "Esse acordo" foi um "factor importante para que não houvesse nenhuma reclamação da minha parte, naquele momento", argumenta.

Os colaboradores do Palácio de Kensington, que representa o príncipe William, disseram à CNN que não comentam processos judiciais. O Palácio de Buckingham reiterou a mesma posição.

O príncipe Harry afirma, ainda, que a sua falecida avó, a rainha Isabel II, tinha conhecimento das negociações sobre este acordo.

"A razão para isso foi evitar que um membro da família real fosse colocado no banco das testemunhas e contasse os detalhes das mensagens de voz privadas e altamente confidenciais que foram interceptadas", disse Harry.

Nos documentos judiciais, agora conhecidos, a equipa jurídica de Harry afirma que William recebeu uma "soma muito grande" do dono do The Sun e do já extinto News of the World, para resolver as reivindicações de invasão sobre os telefones da família real.

Não há, no entanto, outras informações sobre o suposto acordo. A NGN diz que não tem comentários a fazer acerca deste eventual documento confidencial, acordado com o príncipe William, uma vez que “não existe tal acordo secreto”.

Em 2007, o editor do News of the World e um investigador particular, foram condenados por conspiração para hackear as mensagens de voz da realeza britânica. O escândalo voltou aos holofotes em 2010 e 2011, com alegações de que esta era uma prática comum no tabloide britânico e que a polícia do Reino Unido seria cúmplice na situação.

Nesta já longa controvérsia, vários jornalistas britânicos foram acusados de hackear ilegalmente as mensagens de voz de milhares de pessoas, como personalidades da política ou celebridades, passando, inclusive, por vítimas de homicídio e famílias de soldados mortos em combate.

O escândalo das invasões telefónicas já custou, ao império de media de Murdoch, mais de mil milhões de euros, de acordo com uma investigação da Press Gazette, revelada numa publicação do sector.