A guerra entre Israel e o Hamas tem verificado condições perfeitas para a proliferação de desinformação online, com as redes sociais repletas de vídeos e imagens fora de contexto, que os utilizadores atribuem de forma aleatória a Israel ou Gaza. 

Perante este cenário, Alex Mahadevan refere num artigo da Poynter que identificar “a fonte original é crucial”.

Várias são as alegadas imagens chocantes da guerra entre o Hamas e Israel a circular. nas redes sociais. No entanto, segundo Alex Mahadevan, como em qualquer conflito acompanhado através dos nossos dispositivos móveis na última década, “a desinformação é generalizada, incluindo vídeos que alegam mostrar crianças israelitas em jaulas e um falso repórter da BBC a atiçar as chamas da guerra”. 

Por isso, o autor partilha algumas técnicas de pensamento jornalístico e literacia mediática para ajudar a evitar a partilha de desinformação.

Como director da iniciativa de literacia mediática em media digitais “MediaWise” do Instituto Poynter, recomenda fazer três perguntas desenvolvidas pelo Stanford History Education Group:

- Quem está por detrás da informação?

- Quais as provas?

- O que dizem outras fontes?

“Para responder à primeira pergunta, saia da página em que está, abra alguns separadores e use palavras-chave para descobrir mais sobre um utilizador ou órgão de comunicação social a partir de uma publicação. A isso chama-se leitura lateral”, explica.

O autor da iniciativa de literacia mediática relembra que há muitos “autoproclamados especialistas em geopolítica do Médio Oriente nas redes sociais neste momento”. Por isso, “para filtrar o ruído” torna-se necessário pesquisá-los, verificar a organização para a qual trabalham, a universidade na página do LinkedIn e o nome de utilizador.

Mahadevan recomenda que não se clique, também, no primeiro resultado que aparecer e que se efectue uma pesquisa por fontes familiar ou de serviços de verificação de factos – uma técnica a que chama contenção de clique.

A maioria das notícias falsas resultantes do conflito surgem sob a forma de vídeos, fotos antigas e até legendas enganosas. “A sua melhor ferramenta contra essas falsificações é a pesquisa reversa de imagens”, sugere.

“Faça o ‘download’ da foto ou tire um ‘screenshot’ de uma secção notável do vídeo que está a verificar e coloque-o no ‘Google Lens’ ou ‘TinEye’ para encontrar a fonte original”, explica.

Apesar de a inteligência artificial generativa potenciar a criação de desinformação, o autor refere que até ao momento ainda não viu imagens ou vídeos gerados por IA significativos. 

“No entanto, vale a pena manter-se alerta e verificar imagens quanto a marcas de água, características distorcidas, muitos dedos ou outras inconsistências”, alerta.

Por fim, relembra que “o melhor conselho para evitar a desinformação é simplesmente evitar as redes sociais”, mas se não passar sem elas, “o segundo melhor conselho é seguir uma lista selecionada de especialistas sobre o que está a acontecer”. David Clinch, jornalista veterano e especialista em media, criou uma lista útil que inclui jornalistas desde a Al-Jazeera English até ao Haaretz.

É importante lembrar que não é necessário partilhar nada sobre o conflito nas redes sociais.