O empresário da imprensa argelina Ihsane El-Kadi, director da Rádio M e do site de informação, está a enfrentar uma acusação de "financiamento estrangeiro da sua empresa". O Ministério Público pediu uma sentença de cinco anos de prisão e a proibição de exercer a actividade jornalística por igual período, além da apreensão de bens e fundos. O veredicto será emitido pelo tribunal de Sidi M'hamed, em Argel, no dia 2 de Abril.

El-Kadi está a ser processado de acordo com o Artigo 95 do Código Penal argelino, que prevê pena de prisão de cinco a sete anos para quem receber fundos, donativos ou vantagem para as suas instituições, se puserem em causa a unidade nacional, a integridade territorial ou os interesses da Argélia.

O empresário e jornalista é suspeito de ter recebido somas de dinheiro e privilégios de pessoas e organizações no país e no exterior para se envolver, alegadamente, em actividades susceptíveis de minar a segurança do Estado.

Reconhecido como um dos poucos jornalistas independentes e críticos do poder argelino, a acusação que enfrenta é vista como uma tentativa de restringir ainda mais a liberdade de imprensa no país. A Argélia está classificada em 134º lugar entre 180 países no índice mundial de liberdade de imprensa estabelecido pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em 2022.

A RSF lançou uma petição para obter a libertação de El-Kadi, que já recebeu mais de 10 mil assinaturas. A organização enfatizou que a prisão do jornalista é um ataque directo à liberdade de imprensa e pediu às autoridades argelinas que respeitem a liberdade de expressão e os direitos humanos.

A comunidade internacional também está a acompanhar de perto o caso e a pressionar o governo argelino para garantir a liberdade de imprensa no país.