Como ajudar jornalistas na cobertura da violência armada
A reportagem sobre violência armada afecta todos os jornalistas e há muitas pressões específicas sobre os profissionais que cobrem tiroteios em massa e a violência quotidiana que envolve arma, estando mais expostos a situações de stresse, esgotamento, e até aumentar a transtorno de stresse pós-traumático (TSPT). Por isso mesmo, o Comité para Protecção de Jornalistas desenvolveu um guia com o objetcivo de auxiliar os jornalistas locais a reconhecer os desafios específicos e os impactos mentais envolvidos na cobertura deste tipo de eventos.
Este guia está dividido em três partes: antes, durante e depois da cobertura.
Antes da cobertura:
Para os chefes de redacção, é importante fornecer apoio, ferramentas e conhecimento à equipa para que possam cobrir a violência armada de maneira eficaz. Isso inclui garantir que todos compreendam como a exposição ao trauma pode afectar tanto as fontes quanto os jornalistas. Também é essencial discutir sinais físicos e emocionais de exposição ao trauma e promover sessões com especialistas externos e fornecer recursos para apoio externo, como terapia.
Considerar a identidade e o histórico dos membros da equipa é fundamental. Por exemplo, repórteres com ligações pessoais à comunidade afectada podem precisar de apoio adicional. É importante lembrar que o stresse secundário pode afetar todos na redacção, não apenas os jornalistas de campo.
Definir um objectivo ou missão clara para a equipa pode aumentar a resiliência, desde que os jornalistas acreditem que estão a fazer a diferença na comunidade.
Para os jornalistas, é fundamental aprender a identificar os sinais de stresse e procurar ajuda profissional, se necessário. Reconhecer o próprio stresse e tentar recorrer a técnicas que ajudam a controlar o problema – como criar uma lista de estratégias para consulta – pode ser útil.
Pesquisar e aprender técnicas de entrevista sobre o relato de trauma antes de cobrir um evento.
Durante a cobertura:
Para chefes de redacção, a CPJ sugere manter contacto regular com os jornalistas durante a cobertura, realizar levantamentos de informações após cada atribuição ou no final de cada dia também é recomendado.
Para os jornalistas, é importante encontrar um equilíbrio entre a empatia e o distanciamento profissional ao cobrir eventos traumáticos. Realizar entrevistas sensíveis sobre o relato de traumas é fundamental. Evitar entrevistar pessoas que não estejam preparadas para tal e focar nas consequências imediatas e na vida das vítimas pode ser mais adequado.
É importante demonstrar humanidade ao cobrir as consequências imediatas de uma tragédia.
Fotojornalistas e profissionais de redes sociais que trabalhem com imagens traumáticas devem estar cientes dos efeitos emocionais do seu trabalho e tomar medidas para atenuar esses impactos, como fazer pausas regulares e praticar técnicas de respiração.
Após a cobertura:
Chefes de redacção devem prestar atenção aos membros da equipa e oferecer oportunidades de intervalo ou cobertura de histórias mais leves, se necessário. Não deixe de oferecer um tempo fora do trabalho – como uma tarde ou um fim de semana prolongado, reduzindo o contacto durante as horas de folga.
Os chefes de redacção também devem cuidar da sua própria saúde mental e procurar ajuda profissional, se necessário.
Jornalistas devem fazer anotações cuidadosas durante a análise de material emocionalmente difícil e limitar sua exposição a imagens violentas. É importante encontrar formas de relaxar fora do trabalho e desenvolver relacionamentos de apoio com colegas.
(Foto de Cerac – Centro de Recursos Para el Análisis de Conflictos)