O meio digital Bolivia Verifica e o Projecto Desconfio, da Argentina, estão a promover uma iniciativa que procura promover uma cultura de paz e tolerância no espaço digital. Além de orientarem o conteúdo para o público mais jovem, ambos esperam que os jornalistas e os media também divulguem o material que é validado.

Através de avisos e notas informativas com conteúdo verificado que enviam por mensagens de WhatsApp, as duas organizações sul-americanas, especializadas em verificação de factos, têm como objectivo desactivar a desinformação e o chamado "discurso de ódio" que circula nas redes sociais na Bolívia, motivados pela polarização que existe naquele país desde a crise social e crise política, desencadeada em 2019. A intenção é a de instalar uma cultura de paz e tolerância no espaço digital.

A iniciativa chama-se “Espalhando Verdades” e obteve a bolsa Spread the facts, concedida pela International Fact-Checking Network (IFCN), em conjunto com a Meta (proprietária do WhatsApp). Esta proposta, aliás, foi a única da América Latina seleccionada pelo instituto.

A coordenação está a cargo dos especialistas em desinformação da Argentina, Adrián Pino e Soledad Arreguez, do Projecto Desconfio, enquanto as tarefas de verificação e monitorização do "discurso de ódio" dependem dos jornalistas e verificadores de factos do Bolívia Verifica, Jesus Vargas, Marcelo Blanco e Joel Alexis Candia, sob a coordenação editorial de Patricia Cusicanqui. Além disso, a iniciativa conta com a assessoria da pesquisadora argentina Lucía Wegelin. O designer Damián Piccoli, que faz parte do Projecto Desconfio, também faz parte da equipa.

Já para coordenar o trabalho entre os dois países, foi designado um responsável por cada país: Tania Frank, da Fundação para o Jornalismo (da qual depende o meio digital Bolívia Verifica) e Juan Manuel García do Projecto Desconfio.

“A primeira fase do projecto, que iniciámos no final de 2022, consistiu em dar capacidade aos jornalistas do Bolívia Verifica para a monitorização. Com os critérios fornecidos, a equipa boliviana selecciona algumas das publicações mais relevantes nas redes sociais, que promovem algum tipo de "discurso de ódio", e realiza a verificação correspondente, com múltiplas fontes, tanto para denunciar o caso, quanto para recorrer a especialistas que ajudem a entender as consequências negativas geradas”, explicam os coordenadores do projecto.

Com essas opiniões e análises, é gerada uma nota jornalística que é publicada no site Bolívia Verifica e, simultaneamente, é criada uma peça digital para o WhatsApp, que é divulgada pelo canal, junto com a matéria jornalística.

“A iniciativa é um primeiro passo que visa aproximar a sociedade de um canal de informação confiável, para promover leituras críticas da informação”, enfatizam Pino e Arreguez.

“Por isso, esta iniciativa procura promover leituras críticas da informação veiculada pelas redes sociais, bem como pelos meios tradicionais e digitais, para distinguir entre informação fidedigna e notícias falsas, gerando uma capacidade reflexiva e crítica na população”, apontam os coordenadores.

O projecto também se dirige a jornalistas e meios de comunicação, para que ajudem a ampliar os estudos e verificações realizados por esta aliança.

Até 2023, a equipa do Projecto Desconfio, da Argentina, também terá um papel activo, no combate à desinformação, no processo eleitoral da Guatemala.

Através de uma aliança com a Red Ciudadana daquele país, a equipa liderada pelos jornalistas e pesquisadores argentinos Adrián Pino e Soledad Arreguez irá formar agentes comunitários e jornalistas para educarem as suas comunidades sobre o tema, e lançará uma campanha digital para alertar os cidadãos sobre as formas que adopta a desinformação no quadro das eleições presidenciais.