O número de casos de violência contra jornalistas que reportam sobre questões climáticas tem vindo a aumentar nos últimos 15 anos, revela um estudo da UNESCO divulgado por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, no passado dia 3 de Maio.

O relatório resulta de um inquérito a 905 jornalistas ambientais de 129 países desenvolvido pela UNESCO, agência cultural das Nações Unidas, e pela Federação Internacional de Jornalistas.

Mais de 70% dos jornalistas inquiridos reportam terem sido vítimas de violência ou de ameaças enquanto faziam reportagens sobre questões relacionadas com as crises climáticas.

Entre as várias formas de violência registadas, encontram-se agressões físicas, nalguns casos resultando em morte, assédio, detenção e processos criminais.

Segundo o relatório, entre 2009 e 2023, pelo menos 749 jornalistas e organizações de média sofreram ataques em 89 países. Um total de 44 jornalistas foram mortos, em 15 países, e pelo menos 24 profissionais foram vítimas de tentativas de homicídio.

Nos últimos anos, o número de ataques tem vindo a aumentar, tendo mais de 300 situações ocorrido entre 2019 e 2023 — um aumento de 42% em relação ao período de cinco anos anterior (2014-2018).

De acordo com o relatório, as entidades estatais — “polícia, forças militares, funcionários e empregados do governo, autoridades locais” — são responsáveis por pelo menos metade dos casos registados.

Quase metade dos inquiridos disse já ter deixado de fazer a cobertura de algum tema por receio das represálias.

“Todos os actores, especialmente as autoridades públicas, têm urgentemente de proteger todos os jornalistas. Sem eles, as nossas sociedades não terão acesso a informação rigorosa para combater a crise climática actual”, disse Guilherme Canela, autor responsável pelo relatório, citado pelo The Guardian.

Também a desinformação online sobre as questões ambientais tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, segundo os dados apresentados.

(Créditos da imagem: capa do relatório da UNESCO)