Revista Time completa um século com edição especial

A Time tornou-se parte da Time Warner em 1989, quando a Warner Communications e a Time, Inc. se fundiram. Desde o ano 2000, que a revista faz parte da AOL Time Warner. Em 2003, recuperou o título Time Warner.
A característica mais conhecida da revista é a nomeação da “Homem do Ano”, iniciada em 1927, onde a Time reconhece o indivíduo ou grupo de indivíduos que mais influenciaram as notícias do ano. Apesar do título, quem o recebe não é necessariamente humano. No passado, até ideias e máquinas tiveram esse destaque. Por exemplo, em 1982, o computador pessoal IBM PC/AT, foi considerado pela Time o Homem do Ano.
A escolha frequentemente gera polémica. Em 1938, o escolhido foi Adolf Hitler. Já em 1939 e 1942, Josef Stalin recebeu esse destaque. A partir de 1999, o título foi alterado de "Homem do Ano" para “Personalidade do Ano”, para evitar a sugestão sexista.
Recorde-se, a propósito, que a 22 de Julho de 1946, a revista Time publicou uma reportagem sobre Salazar e o Estado Novo com o título "Até que ponto o melhor de Portugal é mau".
Em consequência dessa edição, o número de Julho foi retirado do mercado nacional e, por seis anos, a venda da Time foi proibida em Portugal.
Na capa dessa edição a revista publicou uma imagem de Salazar, com uma maçã aparentemente viçosa, mas repleta de bichos no interior, colocada do lado esquerdo. A representação artística foi considerada uma metáfora para ilustrar a mais antiga ditadura da Europa.
O trabalho resultou da recolha de informação do editor Percy Knauth e de um correspondente em Lisboa, o italiano Piero Saporiti, radicado na capital portuguesa desde 1944.
No texto, referia-se que, com praticamente “duas décadas de ditadura, Portugal era uma terra melancólica de pessoas empobrecidas, confusas e assustadas”.
A 27 de Agosto de 1946, um despacho da PIDE, ratificado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, deu ordem imediata a Saporiti, (um dos autores da peça), para abandonar o país até 3 de Setembro. Enquanto Saporiti lutava contra a extradição, foi-lhe dito pela PIDE que a expulsão poderia ser evitada, no caso de se demitir da Time, o que o italiano determinantemente recusou.
A venda da revista foi proibida em território nacional e todos os exemplares ainda por vender foram apreendidos e a PIDE recebeu ordens para confiscar as revistas que viessem a ser encontradas em residências privadas. Saporiti ainda conseguiu adiar a expulsão por mais um mês. No entanto teve de abandonar Lisboa, de barco, no dia 3 de Outubro, com destino a Paris.