Rádio americana desiste do “Twitter”e Musk admite erros
A rádio pública norte-americana NPR é o primeiro grande meio de comunicação social a deixar o Twitter, em protesto contra as novas políticas da rede, no dia em que o seu dono, Elon Musk, admitiu "erros" desde a sua chegada.
Conhecida e respeitada nos Estados Unidos, onde afirma ter 46 milhões de ouvintes e leitores por semana, nas suas emissoras, podcasts e sites, a National Public Radio anunciou que as suas “contas (...) não ficarão activas no Twitter”, acusando a rede social de medidas que “minam a nossa credibilidade”.
Recorde-se que esta situação tem origem na recente decisão do Twitter em rotular a NPR, que reivindica a sua independência editorial desde que foi inicialmente classificada, por parte da rede social, como "media afiliada do Estado", um rótulo que a coloca ao mesmo nível de medias russos, como Russia Today (RT) ou Sputnik.
Entretanto, passado uns dias, o Twitter renomeou a NPR, dando-lhe a mesma designação que deu à BBC, a de “media financiada pelo governo”. Um rótulo, ainda falso, de acordo com a NPR, que garante que menos de 1% do seu orçamento operacional vem de fontes federais, e que os seus recursos são provenientes, principalmente, de publicidade, patrocínios e contribuições financeiras.
Questionada pela Agência France Press (AFP), uma porta-voz da NPR disse que os jornalistas e cada uma das suas estações associadas "podem decidir se querem permanecer na plataforma".
A estação de rádio americana, cuja conta principal no Twitter tem 8,8 milhões de seguidores, publicou vários tweets a incentivar estas pessoas a seguirem a NPR noutras plataformas de media, como o Facebook, Instagram, LinkedIn ou Tik Tok.
Esta saída do Twitter, a primeira por parte de um grande meio de comunicação, surge na sequência da instauração de uma nova e polémica política de certificação sobre a sua famosa marca azul ou dourada, que agora tem de ser paga.
Recorde-se que, também recentemente, o Twitter retirou esse selo de certificação da conta principal do New York Times, com 55 milhões de seguidores, a quem Elon Musk acusa de ser propagandista. O jornal diz que não vai pagar para voltar a ter o selo de certificação, mas continua a tweetar normalmente.
Numa entrevista recente à BBC, à qual deu a mesma classificação da NPR, Elon Musk admitiu a existência de "muitos erros", passados seis meses após a compra da empresa, mas garantiu, ao mesmo tempo, que agora está "na direcção certa".
Musk admitiu que o rótulo da BBC seria alterado para "financiado por fundos públicos", deixando de constar a palavra Estado.
Desde que comprou o Twitter, Elon Musk deixou relaxar a moderação de conteúdo na rede, permitindo o regresso de muitos utilizadores excluídos por mensagens de ódio ou de desinformação. Para além disso, demitiu um grande número de colaboradores, e segundo a empresa especializada Insider Intelligence, as receitas do Twitter deverão cair quase um terço em 2023, devido sobretudo a uma queda nas receitas publicitárias.
À BBC, Elon Musk garantiu, pelo contrário, que a empresa viu os seus anunciantes regressarem e que agora se encontra “mais ou menos no ponto de equilíbrio”.