O presidente do conselho de administração da BBC, Richard Sharp, apresentou a sua renúncia ao cargo por causa de “potenciais conflitos de interesses” entre ele e o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.

A notícia chegou após a publicação de uma reportagem e um posterior relatório sobre a existência de um empréstimo bancário, no qual os dois homens estiveram envolvidos.

A história foi revelada pelo Sunday Times, levando Adam Heppinstall, comissário responsável por supervisionar as nomeações públicas, a abrir uma investigação, cujo relatório foi recentemente publicado.

O caso remonta a dezembro de 2020. Na altura, Boris Johnson precisaria de um empréstimo e Sharp, seu amigo e ex-banqueiro da Goldman Sachs, sugeriu apresentá-lo a um dos seus amigos, que possivelmente poderia facilitar o empréstimo. O primeiro-ministro acabaria, de facto, por obter, desta forma, um empréstimo de cerca de 910 mil euros.

A polémica instalou-se porque Richard Sharp terá facilitado um empréstimo pessoal ao ex-primeiro-ministro britânico, que por sua vez o nomeou para o lugar de topo da radiodifusão pública, situação que nunca foi mencionada.

A investigação concluiu que não há evidências de que Sharp se terá envolvido directamente nos assuntos financeiros pessoais do ex primeiro-ministro inglês. Contudo, o relatório indica que ao não divulgar esta transacção, o ex-banqueiro pode ter incorrido num conflito de interesses.

Sharp, por sua vez, disse que o que fez foi somente apresentar o empresário canadiano Sam Blyth, responsável por emprestar a quantia a Johnson, então primeiro-ministro.

Em comunicado, o presidente da BBC pediu desculpa por nunca ter referido o caso.

Richard Sharp anunciou a sua demissão em directo, no canal de televisão da BBC, explicando que decidiu “dar prioridade aos interesses” da empresa, por temer que o assunto possa provocar "distracção que pode afectar o trabalho realizado”, apesar de garantir que tudo o que fez foi “com a melhor das intenções”, tendo agido de “boa-fé”.