“Messenger” anuncia encerramento de forma abrupta
O Messenger, uma startup de notícias digitais com uma promissora injecção inicial de 50 milhões de dólares em financiamento, anunciou o encerramento das suas operações.
Criada em maio passado, a empresa tinha como objectivo destacar-se no panorama noticioso americano, contando com a contratação de cerca de 300 profissionais experientes em jornalismo de várias publicações renomadas como Politico, Reuters, NBC News e Associated Press.
Sara Fischer, do Axios, descreveu a situação como um “dos maiores fracassos dos media na era da Internet. Pior, o fim era previsível - e previsto".
Desde o seu lançamento, o Messenger enfrentou diversos desafios, incluindo dificuldades em gerar receita suficiente com publicidade, além de não conseguir arrancar com os seus eventos previstos e negócios de vídeo digital.
Segundo Fischer, o CEO e fundador, Jimmy Finkelstein, esteve próximo de angariar fundos adicionais para manter a empresa, mas não conseguiu fechar o acordo necessário para garantir sua continuidade. Documentos financeiros revelaram que a empresa gerou apenas cerca de três milhões de dólares em receita no ano anterior, enquanto enfrentava perdas significativas.
Vários problemas internos também contribuíram para a queda do Messenger, incluindo conflitos entre membros da equipa de liderança e uma cultura de trabalho intensa que esgotou os colaboradores. O site também se deparou com uma recepção fraca por parte dos críticos do sector, com críticas sobre a qualidade e a originalidade de seu conteúdo jornalístico.
"As coisas azedaram rapidamente após o lançamento. Um editor de política bem conceituado, Gregg Birnbaum, pediu demissão depois de entrar em conflito com o director Neetzan Zimmerman. Os colaboradores ficaram cansados com as exigências de produção em massa de histórias baseadas em artigos da concorrência. A estreia do site teve uma recepção morna por parte dos críticos do sector, como a Columbia Journalism Review e o Nieman Lab", escreveu Benjamin Mullin, do The New York Times.
Já Max Tani, da Semafor afirmou que "o projecto teve problemas desde o início. O seu plano de construir uma enorme redacção rapidamente saiu pela culatra, sobrecarregando a empresa com grandes custos: De acordo com um balanço provisório, a empresa gastou milhões de dólares em viagens e entretenimento só no ano passado”.
No comunicado sobre o encerramento, Finkelstein reconheceu os desafios únicos enfrentados pela empresa em um ano difícil para o sector de comunicação social, mas lamentou não ter conseguido superar os obstáculos. A história do Messenger destaca a volatilidade e as incertezas que permeiam o campo do jornalismo digital e as elevadas expectativas que muitas vezes não se concretizam.
Com este encerramento repentino, colaboradores notáveis, incluindo nomes reconhecidos do desporto, como Seth Davis, Jeff Goodman e Arash Markazi, também são afectados. A situação reflecte os desafios enfrentados pelas empresas de comunicação social, especialmente as novas, perante as complexidades do mercado actual e as dificuldades em garantir a sustentabilidade financeira.