O jornalismo pode ajudar a salvar as democracias da beira do colapso, mas apenas se adoptar uma “transparência radical” com o seu público. Margaret Sullivan, que trabalhou no New York Times e é agora colunista do Guardian nos EUA, diz que um dos maiores problemas das sociedades livres, é que até 40% das pessoas não confiam nos grandes media.

Num discurso para a Organization of News Ombudsmen and Standards Editors, organizada pelo Guardian, em Londres, Sullivan explicou como o “jornalismo confiável” pode ajudar a preservar a democracia, em todo o mundo.

“Sinto que a democracia americana está à beira do abismo e isso é verdade para as democracias, em todo o mundo. O jornalismo tem um grande papel em garantir que a democracia não caia “por terra”. A democracia depende da verdade. A verdade depende, pelo menos em parte, do bom jornalismo.”

Sullivan afirma que os media têm de ser muito mais abertos com o público, acerca dos seus métodos e fontes de reportagem.

“Eu chamo-lhe transparência radical: os jornalistas devem explicar como chegaram às conclusões e quais as suas técnicas de reportagem e partilhar informações primárias”, explica.

Sullivan diz que essa transparência poderá ajudar a melhorar a “alfabetização de notícias” do público, que é vital numa era de notícias falsas, clickbaits e factos alternativos, algo que agora, é ainda mais importante, com o aumento do uso da inteligência artificial (IA).

A jornalista referiu ainda, que ela própria chegou a partilhar “algo nas redes sociais” que acabou por constatar ser falso. “Isso vai tornar-se um problema cada vez maior, à medida que entramos no mundo da IA”, das falsas histórias e de “todas as coisas que parecem jornalismo, mas não são”, afirmou.

“Temos de abordar assuntos que realmente importam, por exemplo, acerca das mudanças climáticas, e torná-los atraentes”, acrescentou.