A editora-chefe do Guardian, Katharine Viner, revelou que o jornalismo de investigação é um dos principais impulsionadores do seu negócio, o que se deve ao facto dos leitores quererem contribuir para a realização do trabalho. “Quanto mais difícil a investigação, quanto mais desafiadora, quanto mais ataques legais temos, mais os leitores vêm e nos apoiam”, disse a editora do Guardian.

O Guardian Media Group reportou receitas de 255,8 milhões de libras (cerca de 294 milhões de euros) em 2022, o que reflecte um aumento de 13% em relação ao ano anterior, o que se traduz no seu maior volume de negócios anual desde 2010.

O crescimento, deve-se principalmente às receitas dos leitores digitais, através das suas contribuições e assinaturas.

No Sir Harry Summit, uma conferência realizada para homenagear o falecido Sir Harry Evans, conforme divulgado pelo CPI, Viner falou sobre a importância comercial do jornalismo de investigação.

Viner referiu que o modelo de contribuições voluntárias que o jornal introduziu em 2016, “é um modelo realmente inspirador para o jornalismo de investigação”, apesar de, na altura, ter sido considerada uma ideia sem sentido, com “meio mundo a dizer: porque é que alguém vai pagar por algo que pode ter de graça?”. No entanto, “os leitores entenderam” o modelo, segundo a editora, e os resultados surgiram.

“O que ficou muito claro, desde o início, foi que o que os leitores queriam realmente dar-nos dinheiro para a reportagem de investigação mais séria e difícil”, o que é algo “incrivelmente inspirador” e foram os leitores que “mostraram o caminho”, assinalou a chefe de redacção.

Segundo Viner, a sua equipa de investigação aumentou “cerca de quatro vezes” o seu tamanho, desde que começou a sua função, em 2015, e revelou que o The Guardian terá ainda, em breve, uma equipa de investigação nos Estados Unidos.

O painel do Sir Harry Summit, foi presidido pelo ex-director da Sky News, John Ryley, que discutiu os desafios que existem acerca do financiamento do jornalismo de investigação.

No mesmo painel, e a propósito do tema, Deborah Turness, directora-executiva da BBC News, revelou que em breve irá ser lançada uma “nova marca dentro” da empresa, com o nome de BBC Verify. O objectivo será o de “abrir a cortina” do trabalho de investigação dos seus jornalistas e introduzir uma “transparência radical”.

Já Steve Hasker, presidente e CEO da Thomson Reuters, falou acerca do seu plano em investir 100 milhões de dólares em Inteligência Artificial (IA) para melhorar o trabalho dos seus jornalistas. “Não sei, com toda a honestidade se 100 milhões de dólares por ano em IA é suficiente. Mas, o que gostaríamos de fazer era enviar aos nossos clientes e, igualmente importante, aos nossos colegas, uma mensagem de que vemos a IA como um momento de transformação”, afirmou.

Hasker referiu, também, que antes do evento teria estado a conversar com outro colega de painel, Sir Michael Moritz, o bilionário investidor em tecnologia que lidera o San Francisco Standard, acerca da importância da IA e o interesse de ambos em apostar nesta área.