O jornalista do Le Canard Enchaîné, Christophe Nobili, foi temporariamente suspenso pela sua direcção, a quem acusa de ter criado um emprego fictício. "Estes não são os nossos valores", afirmou o jornalista ao france-info, dias antes da sua demissão.

Nobili, que acusa a direcção do Canard Enchaîné de ter financiado um emprego fictício, foi sancionado e corre o risco de ser demitido. "É mais do que uma decepção para mim, mas a casa é minha e ficarei neste jornal", reagiu o jornalista, que tem o seu salário suspenso.

O caso teve origem num livro do jornalista, com o título Cher Canard, lançado recentemente, onde revela ter descoberto que o jornal satírico onde trabalha, pagou remunerações à mulher do estilista André Escaro, sem haver um trabalho efectivo em troca, durante mais de vinte anos.

“Houve toda uma reacção, em cadeia, de negação, de pessoas a pressionar para que este caso não fosse discutido”, diz o jornalista.

“Estou suspenso com perda de vencimento. Isto é extremamente brutal. Estou impedido de ir ao meu escritório. Esta é também uma medida destinada a intimidar os meus apoiantes. Sou ridicularizado pela minha administração por escrever, no Canard Enchaîné!”, disse Nobili ao france-info.

“Vim para este jornal há 20 anos para defender valores. A casa é minha, não tenho que me censurar. Sim, é difícil ir ao jornal, sim, às vezes é surreal estar em reuniões editoriais onde falamos de supostos casos de trabalhos fictícios sobre Fabien Roussel, ou o casal Ciotti, em Nice, e onde todos olham para os seus sapatos. Existe um culto aos líderes, um peso de sigilo, e é só isso que denunciamos”, acrescenta.

Christophe Nobili, declara, ainda, que caso surja essa proposta, não vai negociar um acordo amigável relativamente a este processo, pois não vai colocar em causa os valores que defende.