Jornalista despedido da Fox News entrevista Putin
O jornalista Tucker Carlson, da Fox News, provocou controvérsia ao anunciar que realizou uma entrevista ao Presidente russo Vladimir Putin, marcando a primeira entrevista de Putin a um representante dos meios de comunicação ocidentais desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Tom Jones, refere na newsletter da Poynter, que Carlson, conhecido pelas suas opiniões controversas e a sua crítica ao envolvimento dos Estados Unidos no conflito, divulgou um vídeo indicando sua presença em Moscovo.
"Não estamos a encorajar-vos a concordar com o que Putin possa dizer nesta entrevista. Mas estamos a pedir-vos que a vejam. Devem saber o máximo que puderem. E depois, como um cidadão livre e não como um escravo, pode decidir por si próprio", disse.
Carlson acusou ainda outros jornalistas, dizendo que "nem um único jornalista ocidental se deu ao trabalho de entrevistar" Putin desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, ao que Christiane Amanpour, da CNN, respondeu no X, dizendo que é "absurdo" pensar que os jornalistas ocidentais não tentaram entrevistar Putin.
Até o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos jornalistas que o “Sr. Carlson está errado. Recebemos muitos pedidos de entrevistas com o presidente".
Peskov justificou que o Kremlin tem negado pedidos de entrevistas de grandes meios de comunicação ocidentais, mas concedeu o pedido de Carlson porque "a sua posição é diferente" do que o Kremlin chama de "meios de comunicação anglo-saxónicos". Segundo Peskov, Carlson "não é pró-russo, não é pró-ucraniano, é pró-americano".
A notícia da entrevista tem gerado muita especulação, especialmente devido à reputação de Carlson.
“A entrevista de Carlson é diferente porque ele não é um jornalista, é um propagandista, com um historial de ajudar os autocratas a esconder a corrupção", escreveu Anne Applebaum, do The Atlantic.
"A decisão do Kremlin de permitir a entrevista demonstrou o interesse de Putin em construir pontes com o elemento MAGA perturbador do Partido Republicano, e pareceu refletir a esperança do Kremlin de que Donald Trump regressasse à presidência e que os republicanos continuassem a bloquear a ajuda militar dos EUA à Ucrânia”, escreveram Robyn Dixon e Natalia Abbakumova, do Washington Post.
A entrevista de duas horas, sem intervalos, tem sido descrita como “propaganda” por vários críticos.
Relembra-se ainda que Tucker Carlson era descrito como um teórico da conspiração de direita e foi despedido da Fox News porque se tinha tornado “demasiado grande para as suas botas" e, em parte, por alienar "grandes faixas" da empresa.