Jornalista condenado a 20 anos por cobrir devastação de ciclone

Um tribunal de Myanmar condenou um fotojornalista a 20 anos de prisão com trabalhos forçados. A condenação deve-se ao facto de o jornalista ter realizado a cobertura do rasto de devastação deixado pelo ciclone Mocha, durante o mês de maio, segundo explica o Myanmar Now, o órgão de comunicação para o qual trabalhava. O fotojornalista Sai Zaw Thaike tornou-se, assim, alvo de uma das condenações mais severas para jornalistas, desde fevereiro 2021 – quando os militares derrubaram o governo eleito de Aung San Suu Kyi.
O Myanmar Now, que opera na clandestinidade, conta ainda que o tribunal militar julgou, condenou e sentenciou Sai Zaw Thaike logo na primeira audiência após a sua detenção.
Sai Zaw Thaike terá sido inicialmente acusado de vários crimes, incluindo traição e sedição, alegadamente por causar medo e espalhar notícias falsas, entre outras acusações.
Segundo o meio de comunicação, Sai Zaw Thaike não pode receber visitas da família e não lhe foi concedido o direito de ter representação legal.
"A sua condenação é mais um indício de que a liberdade de imprensa foi completamente anulada durante o regime da junta militar e mostra o preço elevado que os jornalistas independentes de Myanmar têm de pagar pelo seu trabalho profissional”, afirmou o editor-chefe do Myanmar Now, Swe Win.
Em abril, o grupo Repórteres Sem Fronteiras declarou que Myanmar é o segundo país do mundo que mais prende jornalistas, numa lista que é liderada pela China.
O país está em 176º lugar, entre 180 países, no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2023.