Imprensa tablóide inglesa às voltas com a Justiça…
Alastair Campbell disse ao Supremo Tribunal, em Londres, que Piers Morgan autorizou repórteres a invadir as suas contas bancárias. O ex-editor do Daily Mirror queria, supostamente, obter detalhes sobre os pagamentos da hipoteca de Campbell, em 1999.
As alegações foram feitas no julgamento que corre acerca de telefones “hackeados”, no qual mais de 100 pessoas - incluindo o príncipe Harry - estão a processar os jornais do Grupo Mirror, por alegações de comportamento ilegal que partiram do Daily Mirror, Sunday Mirror e People.
Segundo o que Campbell afirmou em tribunal, Morgan terá pedido ao repórter Gary Jones para obter detalhes da conta bancária de Campbell, na esperança de encontrar transacções incriminatórias. Por seu lado, Jones terá subcontratado o trabalho a um investigador particular, Jonathan Rees.
Campbell, jornalista conhecido pelo seu papel como porta-voz do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, e que na altura era director de comunicações de Downing Street, disse acreditar que Morgan tinha "duas caras", quando fingiu ser seu amigo, enquanto autorizava, secretamente, Jones – agora o editor do Daily Express – a espiar as suas contas bancárias.
O jornalista disse, ainda, que tinha conhecimento, em primeira mão, sobre a forma como o Daily Mirror operava, uma vez que anteriormente tinha sido editor político do jornal. “Acho muito difícil acreditar que qualquer editor, especialmente um tão prático quanto o Sr. Morgan, não sabia ou não exigiu saber de onde vinham as grandes histórias”, afirmou.
“Também não acredito que pessoas em altos cargos no governo com acesso a informações altamente confidenciais e com óbvias preocupações de segurança, tenham sido visadas desta maneira sem que o editor soubesse e sancionasse tais métodos”.
“A conduta ambígua do Sr. Morgan, ao pretender ser um verdadeiro aliado do primeiro-ministro e do governo trabalhista, enquanto ele e a sua equipa estavam a usar meios ilegais para encontrar histórias destinadas a desestabilizar esse governo, aumenta a raiva que sinto sobre isso, assim como o facto de que essa conduta foi enfaticamente negada pelo Sr. Morgan e pelos seus colegas, durante tanto tempo”.
Campbell sugeriu que o Daily Mirror espiou as suas contas bancárias enquanto tentava acompanhar uma história sobre Peter Mandelson, que foi forçado a renunciar ao cargo de ministro, no final de 1998, após ter obtido um empréstimo não revelado para comprar uma casa.
“Acredito que o Daily Mirror decidiu, na época da história de Mandelson, procurar algo nos meus negócios bancários e hipotecários, na esperança de que também revelassem algo que considerassem interessante”, afirmou Campbell.