Grupo “Vice Media” americano com pedido de insolvência
A Vice Media entregou um pedido de insolvência, ao abrigo do Chapter 11, um mecanismo que concede protecção contra credores.
O Grupo americano, Vice Media, que já foi popular entre as gerações mais jovens, foi avaliado, em 2017, em mais de 5,7 mil milhões de dólares (cerca de 5,2 mil milhões de euros). Quase seis anos depois, a empresa encontra-se numa situação financeira complicada.
A partir de agora, a Vice Media será um consórcio, que inclui a empresa de investimentos Fortress Investment Group - principal credora da Vice - e que em breve deve assumir o controle do grupo por cerca de 225 milhões de dólares. "A menos que outras partes decidam fazer uma oferta melhor", diz o comunicado divulgado pela Vice.
O Grupo, anunciou que aceitou a proposta de compra pelo consórcio de empresas, que vai assumir parte da dívida da Vice Media, avaliada em 834 milhões de dólares.
Ainda de acordo com o comunicado de imprensa, as marcas da Vice vão continuar a produzir conteúdo e a empresa vai continuar a pagar aos seus colaboradores e fornecedores, durante o processo.
Há já vários meses que a administração procurava um novo comprador para a assumir por 1,5 mil milhões de dólares, o que não aconteceu.
À medida que as perdas se acumulavam, a Vice Media decidiu, em fevereiro, fechar o seu escritório em França, como já havia feito noutros países.
Nascida em 2007, a edição tricolor da revista canadiana Vice ganhou popularidade graças às suas reportagens personalizadas e aos seus artigos, por vezes irreverentes, centrados na música, na arte, na fotografia ou em temas sociais. O seu conteúdo vai desde o depoimento de uma estrela de espectáculo, até às reportagens sobre os campos de batalha ucranianos, passando por investigações sobre o tráfico de órgãos na China.
Mas o Grupo de media, que conta com um modelo económico e gratuito no seu site online, tem tido dificuldade em envolver o seu público.
A desaceleração do mercado publicitário desde a pandemia de Covid-19, só agravou a situação. “Como os jovens não estão dispostos a pagar por informação, a Vice terá, absolutamente, que encontrar novas fontes de rendimento se quiser continuar a existir nos próximos anos”, explicou um especialista ao Le Figaro.
Outra dificuldade que a Vice Media tem enfrentado ao longo dos anos, é a concorrência, como BuzzFeed, Vox Media ou Brut, que visam o mesmo público.
No entanto, há quem diga que a situação financeira da Vice não se deve apenas a estes factores, mas que tal terá, também, a ver com a sucessão de líderes, decisões de gestão, ou alegações de assédio sexual na empresa.
Ainda presente em cerca de trinta países, o Grupo, que inclui um estúdio de produção e a agência de publicidade Virtue, registou no ano passado um volume de negócios de 600 milhões de dólares, quase 100 milhões a menos do que tinha calculado, não tendo conseguido obter lucro. Ao mesmo tempo, a audiência do seu canal de televisão, Vice TV, que não faz parte deste pedido de insolvência, ainda luta pelo crescimento da audiência.