A greve geral dos jornalistas, no dia 14 de Março, condicionou a produção noticiosa em mais de 50 órgãos de comunicação social, segundo o Sindicato do Jornalistas (SJ).

A greve “superou as nossas expectativas em termos de adesão e compreensão por parte dos jornalistas”, declarou João Rodrigues, secretário da direcção do SJ, em declarações ao Meios & Publicidade (M&P).

De acordo com o SJ, nalguns órgãos houve a suspensão de produção de notícias, como foi o caso da Agência Lusa, Antena 1 e TSF. Noutras redacções, de que são exemplo o Expresso, Observador, Rádio Renascença e RTP, os trabalhos sofreram perturbações dada a ausência dos jornalistas escalados. Houve, ainda, outras redacções e organizações, como os sindicatos de jornalistas espanhóis e alemão, que mostraram a sua solidariedade com os jornalistas portugueses em greve.

A greve tinha sido convocada pelo SJ, no seguimento de uma votação no 5.º Congresso dos Jornalistas, em Janeiro, no sentido de mobilizar a classe para um dia de paragem contra as condições de trabalho precárias no sector. A última greve aconteceu há mais de 40 anos, em 1982.

Além da paralisação, foram também organizadas concentrações em diversas cidades do país, incluindo Lisboa, Porto, Coimbra e Ponta Delgada, às quais se juntaram centenas de profissionais.

Da lista de reivindicações fazem parte os aumentos salariais “superiores à inflação acumulada desde 2022”, a “garantia de um salário digno à entrada na profissão”, a “progressão regular na carreira”, a “remuneração por horas extraordinárias”, o “fim da precariedade generalizada e fraudulenta no sector, pelo recurso abusivo a recibos verdes”, a “intervenção do Estado na garantia da sustentabilidade financeira do jornalismo” e a “revisão das estruturas regulatórias da comunicação social e do jornalismo”, pode ler-se no caderno reivindicativo, publicado no site do SJ.

Quanto a próximos passos, João Rodrigues explicou ao M&P que “o SJ pretende dinamizar principalmente duas estratégias”. Por um lado, quer “reunir-se com as administrações de todos os principais órgãos de comunicação social para falar de todas as decisões que foram propostas no último Congresso dos Jornalistas de forma a conseguir pô-las em prática”. Por outro, “assim que haja um governo empossado, consciencializar os partidos políticos com assento parlamentar, da importância do financiamento dos media”.