Alguns jornalistas da estação de televisão pública italiana, RAI, estiveram em greve no passado dia 6 de Maio, noticia a Reuters.

Apesar da paralisação, os principais telejornais da hora do almoço foram transmitidos e o canal noticioso RAI24 manteve-se em funcionamento, recorrendo a programas previamente gravados, descreve a Reuters.

A greve foi motivada pelo “controlo sufocante” por parte do executivo de Giorgia Meloni, que, segundo o sindicato Usigrai, quer “transformar a RAI na porta-voz do governo”, estando a limitar a liberdade de expressão no canal. "Preferimos perder um ou mais dias de salário a perder a nossa liberdade”, acrescentou o sindicato, citado pela RTP.

Também os cortes orçamentais e a precariedade dos profissionais estiveram entre os motivos da paralisação.

Num comunicado de resposta à greve, a RAI afirmou que os direitos ou os empregos dos actuais funcionários não estão em risco e que a estação está “cada vez mais empenhada em salvaguardar os valores do pluralismo e da liberdade de expressão”, noticia o Eco. A direcção da RAI acusou, ainda, o sindicato de fazer greve por “motivos ideológicos e políticos”.

No Índice de Liberdade de Imprensa publicado anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras, divulgado no passado dia 3 de Maio, Itália desceu cinco posições em relação a 2023.

O tema da influência política sobre a RAI não é novo, mas o debate foi recentemente reaberto a propósito do cancelamento da participação num talkshow de Antoni Scurati, um escritor crítico do governo, explica a notícia.

Os responsáveis da RAI e a primeira-ministra negam as acusações de censura, tendo a alteração do programa sido justificada por “razões editoriais” não especificadas.

Segundo o alinhamento do programa, Antoni Scurati iria ler um monólogo a assinalar o feriado do 25 de Abril, data em que se comemora o fim do fascismo em Itália. No seu texto, Scurati criticava o partido de Meloni, Irmãos de Itália, por não repudiar as suas origens “pós-fascistas”. O partido é conhecido por ter raízes em movimentos políticos organizados por apoiantes de Mussolini no pós-Segunda Guerra Mundial.

Desde 2022, quando Meloni tomou posse como primeira-ministra, já vários profissionais abandonaram a estação de televisão, alegando interferência governamental, refere a agência Reuters.

(Artigo actualizado no dia 7 de Maio)