O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, diz que vai encerrar a Notimex, uma agência de notícias nacional, cujos jornalistas continuam em greve.

López Obrador diz que a agência será fechada após um acordo para pagar as indemnizações aos colaboradores em greve.

Após chegar ao poder em 2018, López Obrador indicou a jornalista Sanjuana Martínez para chefiar a agência.

No entanto, em fevereiro de 2020, os seus colaboradores declararam greve, denunciando supostas demissões injustas e de assédio por parte de Martínez. Segundo o sindicato, 241 funcionários foram demitidos desde março de 2019, altura em que a jornalista assumiu o cargo.

Fundada em 1968, a Notimex é um serviço que distribui as principais notícias governamentais sobre os 32 estados do México, muitas das quais, depois, não eram cobertas pelos jornais nacionais do país.

López Obrador diz que a Notimex já não é necessária. “Já não precisamos de uma agência de notícias do governo. Isso é da época das declarações à imprensa”, afirma. “Não é algo de que precisamos como governo. Nós temos o briefing diário de notícias."

Entretanto, os analistas dizem que este é o capítulo mais recente de um esforço, por parte do presidente, em controlar os media do governo, órgãos científicos ou culturais.

Martínez, por seu lado, concorda totalmente com a decisão de fechar a agência de notícias, com 55 anos.

A responsável pela Notimex alega, desde que chegou, que a agência está repleta de corrupção, acrescentando que concorda que os briefings matinais do presidente, pois serão suficientes para manter os mexicanos informados.

Já a Associação Mexicana do Direito à Informação diz que há uma “tendência perturbadora” do governo de López Obrador em transformar os meios de comunicação financiados com fundos públicos, em porta-vozes do seu governo.

“O governo está a fazer um uso, claramente partidário, de meios de comunicação supostamente públicos, o que constitui uma violação flagrante da Constituição”, diz a associação, em comunicado.