Global Media escapa a comissão parlamentar de inquérito
As propostas de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre a Global Media foram rejeitadas no Parlamento, com votos contra do PSD, CDS e PS e abstenção do Chega, noticia o Eco. Os restantes partidos — PCP, Bloco de Esquerda (BE), Livre, PAN e Iniciativa Liberal (IL) — votaram a favor.
O BE e o PAN tinham pedido uma CPI para averiguar a actuação da ERC — Entidade Reguladora para a Comunicação Social relativamente ao processo de reestruturação do Global Media Group (GMG), incluindo o envolvimento do World Opportunity Fund (WOF), fundo de investimento a que a ERC retirou os direitos patrimoniais e de voto por falta de transparência.
Para o PS e os partidos que compõem a AD, o assunto deve ser remetido para comissão permanente.
“Não será com o contributo do PSD que contribuiremos para banalizar o instrumento do inquérito parlamentar”, afirmou Alexandre Poço, acrescentando que “o parlamento pode e deve questionar, indagar ou fiscalizar os temas que entende como relevante para o país, para o interesse geral, mas também para este caso em concreto, com o recurso ao regular e normal funcionamento das comissões parlamentares”.
Essa é também a opinião do CDS: “Neste momento estão reunidas as condições para que se justifique que assuntos que são importantíssimos e devem ser tratados pelo Parlamento sejam tratados em sede de inquérito parlamentar em vez de comissão ordinária? Do nosso ponto de vista, não”, disse João Almeida.
Por parte do PS, Pedro Delgado Alves afirmou que os “dados neste caso, em relação a este regulador, parecem insuficientes para justificar uma comissão de inquérito, quando há outras ferramentas”.
Bernardo Pessanha, do Chega, que defendeu a decisão da ERC de suspender os direitos de voto do WOF, acusou os outros partidos de não estarem tão preocupados com a transparência em outros casos, “onde estão envolvidas as mais altas figuras do Estado”, como o chamado” caso das gémeas”.
Por parte dos partidos que votaram a favor das propostas, além dos proponentes, é de sublinhar a preocupação com as intenções dos proprietários dos jornais.
Carlos Guimarães Pinto, da IL, afirmou que é importante saber “quem financia a comunicação social” e “que interesses poderão estar por detrás” dos grupos de média, cita o Expresso.
Por seu turno, Rui Tavares, do Livre, disse que “antes sabíamos que se adquiriam jornais porque geravam lucros. Hoje o modelo de negócio está em crise, aí começamos a não perceber quando regimes estrangeiros começam a comprar jornais”, numa referência à notícia de que terá havido interferência do Estado húngaro na compra da Euronews através de um empresário português, tendo o deputado sugerido que se alargasse o espectro da CPI a esse caso.
Finalmente, o deputado do PCP António Filipe atribuiu os problemas do Grupo às interferências do poder económico, refere o Público.
(Créditos da imagem: captura de ecrã do edifício da Global Media no Google Maps)