Prevê-se que a receita global de publicidade para os jornais caia 7,7% este ano, para 47,2 mil milhões de dólares, de acordo com um novo relatório da Warc, que estimou um mercado mundial de publicidade total de 993 mil milhões de dólares.

As editoras estão a competir com empresas como a Amazon, que sozinha facturou 37,7 mil milhões em serviços de publicidade em 2022, ou seja 80% de toda a receita de publicidade prevista para as editoras de media para o próximo ano. Esse valor ultrapassa o do mercado editorial impresso total que é de 37,3 mil milhões de dólares.

No meio do crescente domínio dos gigantes da tecnologia, os gastos globais com publicação, vídeo, áudio e publicidade “quase não mudaram”, afirma o relatório da Warc, estimando que o investimento total em 2023 será apenas 1,6% maior do que em 2016.

A receita de anúncios digitais também é insuficiente para ajudar os editores a tornarem-se sustentáveis: “Está a ficar mais difícil para os editores criadores de conteúdo permanecerem competitivos em relação aos canais de desempenho fortes em dados e sustentar os negócios de publicação apenas por meio da receita de exibição online”, pode ler-se no relatório.

Brian Morrissey, analista de media e autor do boletim informativo Substack The Rebooting, citado pelo Press Gazette, afirmou que “a realidade da indústria editorial é que não pode ter um modelo de conteúdo original que dependa principalmente ou exclusivamente da receita de publicidade gráfica”.

O Press Gazette, alertou em 2017 que o domínio no mercado de publicidade digital do duopólio do Facebook e da Google, estava a ameaçar a capacidade de sobrevivência do jornalismo.

O relatório da Warc sugeriu que o mercado intermediário de publicação dependente de publicidade continuará a ser espremido, mas que editores de nicho, como os influentes títulos de política, Punchbowl News e Politico, podem criar uma oferta robusta.

O relatório observou que “a publicidade continua a ser uma fonte de receita atraente e de alta margem e que os proprietários de media estão a desenvolver os seus modelos operacionais para sobreviver”. É citado como exemplo os streamers como a Netflix, que criaram modalidades de assinaturas mais baratas suportadas por anúncios, sugerindo que a publicidade pode ser uma parte vital do bolo geral para empresas em busca do lucro, apesar das dificuldades do mercado.