Demissão polémica do jornalista do “Canard Enchaîné”
O antigo chefe de redacção do Canard Enchaîné, Claude Angeli, quer que seja interrompido o processo de demissão instaurado contra o seu colega Christophe Nobili.
“Apelo a um cessar-fogo”. Aos 92 anos, Claude Angeli sai em defesa de Christophe Nobili, que foi, entretanto, convocado para uma entrevista antes da demissão. “Peço que se ponha fim a este procedimento”, insiste, preocupado com o colega.
Recorde-se que o motivo para este processo tem origem no facto de Nobili ter declarado que existe um emprego fictício dentro do jornal, onde Edith Escaro terá um salário, há mais de 20 anos, sem fazer qualquer tipo de trabalho.
Entre as queixas contra Nobili estão as suas declarações à imprensa concedidas no contexto da promoção do seu trabalho, o que terá sido "uma violação, tanto do acordo colectivo para os jornalistas, quanto da carta ética do" Canard”, disse o comité de administração aos colaboradores, através de um e-mail. “Resulta desta mensagem que a decisão de demitir o Sr. Nobili já foi tomada”, considera a sua advogada. “Embora a entrevista preliminar ainda não tenha ocorrido, parece que não há nenhuma preocupação real em ouvir as observações do Sr. Nobili”. Do seu ponto de vista “esta é uma medida retaliatória.”
O lançamento do livro a que Nobili dedicou esta história, Cher Canard, convenceu a direcção a demarcar-se do jornalista, apesar de este ser representante sindical, eleito pelos colegas, ou seja, é um colaborador protegido. De acordo com o que determina este estatuto, os representantes eleitos do Conselho Económico e Social (CSE) foram agora convocados de forma extraordinária, para que este projecto de destituição seja submetido à sua consulta. O processo deverá, então, ser transmitido no prazo de quarenta e oito horas à inspecção do trabalho, que terá dois meses para decidir.
“Qualquer um tem o direito de pensar o que quer do livro de Christophe”, resume Claude Angeli, ao ver a imagem do jornal “manchada” por esse caso, “mas temos que resolver isto internamente, sentar e discutir.”
Angeli, empenhado em questões de defesa, lamenta que a direcção do Le Canard se tenha manifestado, nas suas próprias colunas, contra a obra, sem permitir que os defensores de Nobili também se manifestassem. “Mesmo que alguns não tivessem optado por tornar o caso público, se o tivessem descoberto, isso não os impede de achar que o emprego fictício de Edith Escaro, é bastante criticável”, considera.