“A inspecção do trabalho acaba de rejeitar o pedido de autorização do Le Canard Enchaîné sobre a minha demissão”, disse Christophe Nobili à Agence France-Presse (AFP). Contactado pela AFP, o subdirector-geral do Le Canard, Nicolas Brimo, confirmou ter recebido a decisão da inspecção do trabalho e indicou que o jornal não quer comentar.

O jornalista disse estar "feliz" com a decisão da inspecção do trabalho, considerando que a decisão do seu despedimento foi "brutal, injusta e abusiva".

A demissão de Nobili foi iniciada pelo conselho de administração do jornal no início de abril, marcando uma escalada na crise que tem abalado o semanário centenário, há vários meses.

Recorde-se que Christophe Nobili fez uma denúncia, antes do seu processo disciplinar, revelando que a companheira de um ex-cartoonista e administrador do Le Canard, André Escaro, recebeu remuneração do jornal durante vinte e cinco anos, sem que tenha trabalhado no semanário. Decorrente desta situação, foi aberta uma investigação por "uso indevido de ativos corporativos" e "ocultação de abuso de ativos corporativos".

Nobili lançou o livro Cher Canard, no qual retomou este caso que revelou fraturas na redacção, num contexto de conflito entre gerações. Depois disso, o conselho de administração do jornal decidiu a sua suspensão e iniciou um processo de demissão.

“Essa decisão foi tomada após a publicação do seu livro e das suas múltiplas declarações à imprensa e a outros meios de comunicação”, escreveram os administradores do jornal, num e-mail interno dirigido aos seus colaboradores. A decisão recente da inspecção do trabalho, em França, é passível de recurso. Mas, entretanto, Le Canard Enchaîné “é obrigado a reintegrar-me e a pagar o meu ordenado”, porque este recurso “não é suspensivo”, disse Nobili à AFP. Segundo ele, o recurso pode ser interposto no prazo de dois meses ao tribunal administrativo ou ao ministro do Trabalho francês, Olivier Dussopt.