Em entrevista num podcast, com o nome de “O Futuro dos Media Explicado” da Press Gazette, a directora comercial e operacional da NME Networks, Holly Bishop, explicou como os jornalistas na área da música " se tiveram de tornar mais adaptáveis".

O New Musical Express (NME) foi fundado como um jornal de rock, em 1952. Hoje, mais de 70 anos depois, o jornal já não existe em papel, mas sim, em formato digital.

A marca NME, que foi adquirida pelo Grupo Caldecott Music, em 2019, e agora faz parte da NME Networks, ao lado de Uncut, Musictech e Guitar.com, permanece viva, mas teve de se adaptar significativamente ao novo mundo dos media e da música.

“Embora a palavra escrita tenha sempre um papel importante no nosso jornalismo, já não está à frente, nem no centro, e é ingénuo pensar de outra forma”, diz Bishop.

Segundo a directora do NME, “o conteúdo curto” é “o que ganha em 2023”. “O formato multimédia, social, é onde o público da Geração Z está a consumir o nosso conteúdo. E se não estiveres a criar esse conteúdo, para esse público, ficarás para trás”, remata.

“Os dias de filmagens, em 16:9, que iam para a edição, em que o conteúdo ia para o público, mais ou menos uma semana depois, são dias que acabaram”, afirma Bishop. Agora “tens que reagir em tempo real, como já acontece, os jornalistas têm de ser multifacetados e temos que pensar nisso quando estamos à procura de novos talentos para integrar na equipa”, explica.

Um grande desafio para a NME e outros títulos na área da música, é manter a relevância. Até há relativamente pouco tempo, títulos como o NME forneciam aos fãs de música, uma porta de entrada para novas músicas e também lhes dava o acesso exclusivo aos artistas.

E, a directora do jornal diz que descobrir novos talentos musicais continua a ser a chave para a identidade da NME. “Desde que estejamos a trazer este material, é claro que somos relevantes” e “nós fazemos escolhas corajosas. Nem sempre estamos apenas a seguir o tráfego”. Isto tem tudo a ver com “autenticidade”, afirma.

Holly Bishop diz que “um artista pode ter uma ascensão meteórica numa única publicação no Tiktok, por exemplo”. Uma questão que se coloca: “haverá longevidade neste caso?”, ou seja, se será que vai longe na sua carreira. Mas, Bishop responde a esta pergunta dizendo que esse artista “continua a ser visualizado. E, na verdade, o que sabemos é que é um artista que faz música que é autêntica, e que é boa música. E ele encontrará um caminho para percorrer, principalmente quando marcas como a nossa o procuram activamente”.

A NME lançou edições na Ásia e na Austrália e hoje tem uma audiência maior nos Estados Unidos do que no Reino Unido, tendo-se expandido, além do rock, para cobrir outros géneros musicais.

De acordo com dados recentes da Similarweb, o NME.com atraiu 17,8 milhões de visitas ao site, menos do que a rival norte-americana Rolling Stone (24,3 milhões), mas bem à frente de uma antiga rival britânica, a Kerrang (1,3 milhões).

Comercialmente, Holly Bishop diz que as parcerias com as marcas são, agora, fundamentais para o modelo de negócios da NME.

 A NME Networks gera a maior parte das suas receitas através da publicidade e eventos.