Para a frente, é o lema do Columbia Journalism Review. Quem o diz é Kyle Pope, editor-chefe do Columbia Journalism Review (CRJ), que fez uma reflexão acerca da evolução e o estado do jornalismo, desde 1961, ano do início da revista, a propósito de uma edição especial lançada no seu aniversário.

Na fase de lançamento, os editores sentiram-se obrigados a esclarecer os leitores sobre qual a necessidade de haver um meio para criticar a imprensa. Na altura, diziam que “existe uma inquietação generalizada sobre o estado do jornalismo. A Review compartilha dessa inquietação, não por uma suposta deterioração, mas pela probabilidade de que o jornalismo de todos os tipos ainda não esteja à altura das complicações de nossa época… Os argumentos urgentes para uma revista crítica superam, em muito, os perigos”, escreveram em editorial.

“Se esses editores pudessem saber o que estava para vir, das convulsões culturais dos anos 60 a Watergate e à Guerra Fria, da crise económica à guerra contra o terror, ao surgimento da internet e das redes sociais. Dado tudo o que aconteceu desde então, é notável que os argumentos apresentados pelos editores do CJR há seis décadas e muito do teor da cobertura inicial da revista, se mantenham válidos ainda hoje”, diz Pope.

“A edição de aniversário do CJR mostra o quanto as notícias do dia operam numa linha do tempo muito mais longa. As mesmas histórias persistem. A edição inaugural do CJR oferece uma avaliação da campanha presidencial de Kennedy-Nixon de 1960, levantando muitas das questões que animam as nossas páginas hoje”, acrescenta.

Kyle Pope diz que, já naquela altura, o CRJ falava sobre as tendências percebidas nas reportagens e “as dificuldades em cobrir um processo de contagem de votos que é prolongado e opaco”, e sobre o livro The Fading American Newspaper , que é uma alusão sobre a crise das notícias locais que viria a acontecer, décadas depois. A revista, já na época, criticava os repórteres de televisão por se exibirem em conferências de imprensa com o presidente Kennedy, observando que a média de perguntas aumentou, de catorze para cinquenta palavras, a Franklin Delano Roosevelt, desde que essas conferências passaram a ser emitidas em televisão, lembra o actual editor.

Na edição de aniversário do CRJ, a publicação procurou transmitir a sua ambição, ao longo da sua vida útil. “As histórias estão organizadas tematicamente, em vez de cronologicamente, para ajudar a conectar os pontos de uma era para outra”. Nestas páginas, os leitores poderão encontrar artigos de Walter Lippmann, David Simon e avaliações das descobertas da Comissão de Kerner, com uma diferença de cinquenta anos, bem como a questão sobre a cautela a ter com os "blogueiros" que citam Jenny McCarthy como um especialista em vacinação. Os leitores podem, também, encontrar nesta edição, Katharine Graham, ex-diretora do Washington Post, referindo-se a esta revista como "a porra” da Columbia Journalism Review.

“É claro, que as nossas obsessões, mudaram ao longo das décadas”, afirma Pope. “A cobertura da CJR amadureceu e expandiu-se na media impressa e online. No entanto, a nossa missão continua a mesma. Por ocasião do décimo aniversário do CJR, os editores publicaram uma incursão aos arquivos chamada "Our Troubled Press”, refere. No editorial, Elie Abel, então reitor da Columbia Journalism School, fez esta promessa: “Estamos determinados a continuar”, escreveu, “levantando questões que outros não levantam, discutindo problemas que não o são noutro lugar, longamente ou em profundidade. Propomos fazer mais.”, cita Kyle Pope, que finaliza o seu texto dizendo que assim continuarão, andando em frente, por mais sessenta anos.