Em Fevereiro de 2020, o El País, lançou a sua paywall de leitura controlada. Os leitores recebem 10 artigos gratuitos por mês antes de serem solicitados a inscreverem-se no site por € 10 por mês.

El País, fechou 2022, com mais de 266 mil assinantes pagantes, 227 mil dos quais optaram por assinaturas apenas digitais, de acordo com a Prisa, proprietária do jornal.

Cada vez mais os media recorrem aos seus leitores em busca de apoio, e isso muitas vezes significa diversificar as ofertas para além das notícias. Com a intenção de construir uma comunidade, extra jornalismo com os seus assinantes, o El País lançou o um clube de leitura. Em cinco meses, conseguiu mais de 1.100 sócios, principalmente em Espanha e na América Latina, revelou o Niemam Lab

Qualquer assinante pagante pode ingressar no clube de leitura. São adicionados ao grupo do Facebook exclusivo para assinantes, onde podem conversar com os jornalistas do El País, com os autores que estão ler e uns com os outros.

De acordo com Andrea Nogueira Calvar, editora líder do grupo no Facebook, os colaboradores da secção de cultura do jornal e do suplemento semanal de artes e literatura, Babelia, tinham vindo a discutir a ideia de um clube de leitura há já vários anos. Mas as exigências do ciclo diário de notícias e as necessidades do dia-a-dia da redacção empurraram sempre a ideia para segundo plano.

Clubes de leitura dificilmente são um conceito novo, alguns dos primeiros registos de grupos de leitura americanos datam de um navio que navegou para a Baía de Massachusetts em 1634. Hoje, existem grupos de leitura em vários formatos (hello, BookTok  Bookstagram) organizados por género, localização ou outros valores, identidades e interesses compartilhados.

Nos Estados Unidos, ter o seu livro escolhido pelo clube do livro de Oprah Winfrey e Reese Witherspoon é uma maneira quase garantida de que se torne um best-seller. Órgãos de informação como o Washington Post, o Wall Street Journal, o New York Times, Los Angeles Times e outros têm os seus próprios clubes do livro e comunidades de leitura.

Em Espanha, os clubes de leitura ganharam destaque na década de 1980, através de um novo investimento em bibliotecas públicas. Blanca Calvo, então directora da Biblioteca de Guadalajara, lançou um clube de leitura como forma de atrair novos leitores à biblioteca pública.

Quando a pandemia forçou as pessoas a ficar em casa, pela primeira vez, em 2020, Nogueira disse que surgiu uma tendência geral de as pessoas lerem mais no “novo” tempo livre. O El País já havia organizado eventos e encontros para assinantes antes, mas lançar o clube de leitura em 2022, foi uma experiência que provou que não era apenas o hábito de leitura estava adormecido, as pessoas também procuravam um fórum para descontrair e se ligarem com outras pessoas através da literatura.

“Duas coisas se juntaram”, disse Nogueira. “Temos uma comunidade muito activa que valoriza muito a secção de cultura e o suplemento Babelia. Depois da pandemia, resgatou-se a necessidade de parar e dedicar um tempo a si mesmo. E também dedicar tempo à leitura e à análise da leitura, porque no fundo o que o clube te dá, enquanto leitor, é o apoio de outros leitores.”