O Conselho de Redacção e as delegadas sindicais do Diário de Notícias (DN) redigiram uma “Carta Aberta” ao Presidente da República, na qual fazem um apelo para a “defesa de uma inversão no rumo da degradação”, do jornal.

Os representantes do Diário de Notícias pediram ajuda a Marcelo Rebelo de Sousa sobre esta "degradação", que tem vindo a acontecer com a saída de vários quadros qualificados do jornal devido a despedimentos. No último despedimento colectivo do Global Media Group, detentor do DN, JN e TSF, oito dos 17 jornalistas demitidos, eram do Diário de Notícias, referem.

“Dirigimo-nos a todos os que em Portugal percebem a necessidade de pluralismo na comunicação social para que o princípio democrático se mantenha forte. É a estes que a redacção do DN vem apelar para que connosco se mobilizem na defesa de uma inversão no rumo de degradação do DN enquanto jornal de referência”, relatam no mesmo documento.

Após três despedimentos colectivos, em 2009, 2014 e 2020, neste momento “a redacção está nos mínimos de sobrevivência, longe de poder medir os seus recursos com os concorrentes directos e continuar a honrar a sua história de 158 anos”, alertam.

“O DN está a ser morto por dentro”, diz a redacção, que explica que esta carta aberta “surge por constatarmos ter sido, até agora, impossível o diálogo com a Comissão Executiva do Global Media Group, no sentido de encontrar uma forma de reforçar este jornal, garantindo que o seu jornalismo não perde qualidade”.

Para além disso, são feitas várias críticas ao GMG, entre elas, que o DN “não vê, há sucessivas administrações, e ao contrário do que souberam fazer os seus principais concorrentes, qualquer investimento ou sinal de revitalização”.

A Internet criou “problemas globais de sobrevivência” nos media, e problemas nacionais de pobreza e iliteracia, que a redacção do DN reconhece, mas diz que a estes factos “somam-se causas próprias de incompetência na gestão empresarial do jornal, como o foram os recentes avanços e recuos na decisão de abandonar a edição diária impressa por uma semanal, de forma totalmente imprudente e que apenas serviu para sustentar mais um processo de esvaziamento da redacção”.

Os jornalistas do DN acreditam “num jornalismo que faz diferença. Com rigor, acutilância, assertividade, coração e ganas. Somos jornalistas, não ‘produtores de conteúdos’. Queremos continuar jornalistas. Morrendo o DN como jornal de referência, o panorama do jornalismo de imprensa ficará substancialmente reduzido“, advertem.