“BBC” e outros “media” contestam classificações do “Twitter”

As classificações atribuídas pelo Twitter a certas contas oficiais, estão no centro de uma nova polémica. Depois de receber a etiqueta de “media financiada pelo governo” nesta rede social, a BBC expressou a sua consternação. Num artigo, entretanto publicado, a BBC diz que se opõe a este “rótulo”, afirmando ter contactado o Twitter para resolver esta questão “o mais rapidamente possível”.
A classificação do Twitter, ou rótulo, surge logo abaixo do nome principal das contas.
“A BBC é, e sempre foi, independente. Somos financiados pelo público britânico, através da taxa de licença de TV”, diz o Grupo.
Actualmente, taxa de licença de TV, conhecida como licence fee, é de 159 libras por ano — o pagamento é obrigatório para quem assiste ao vivo a qualquer canal por meio de um serviço de TV (aberta ou fechada) ou à programação ao vivo de serviços de streaming. O governo define o valor, mas a receita é destinada à BBC sem interferência governamental, explica a BBC News Brasil, no seu artigo sobre este tema.
O Grupo refere, ainda, que “como emissora nacional do Reino Unido, a BBC opera através de uma Carta Real acordada com o governo. A Carta da BBC afirma que a corporação «deve ser independente», particularmente sobre «as decisões editoriais e criativas, os horários e a maneira em que sua produção e serviços são fornecidos e na gestão de seus negócios»".
Em resposta, o proprietário do Twitter, Elon Musk disse, num e-mail à BBC, que a sua rede social tem em vista “a máxima transparência e precisão. Vincular a propriedade e a fonte de recursos, provavelmente faz sentido”, e acrescenta: “acho que as organizações de media devem ser auto-conscientes e não alegarem, falsamente, a completa ausência de vieses", querendo dizer que poderão seguir certas tendências ou orientações. Ainda assim, Musk admitiu que segue a conta da BBC no Twitter, e diz sobre ela, que está “entre as menos tendenciosas”.
Outro orgão de comunicação, a rádio pública norte-americana National Public Radio (NPR), já tinha, também, protestado contra a sua designação no Twitter, que, neste caso, foi classificada com o selo de “media afiliada do Estado”, a mesma que é também usada nos media que são propriedade dos governos chinês ou russo. Entretanto, passado uns dias, o Twitter renomeou a NPR, dando-lhe o mesmo selo que deu à BBC, o de “media financiada pelo governo”.
Enquanto isso, a rádio pública norte-americana continua a não fazer publicações nesta rede social. Desde o protesto contra o rótulo, que lhe foi colocado inicialmente, a NPR decidiu parar de partilhar os seus artigos no Twitter. O CEO da rádio, John Lansing, disse que a decisão do Twitter era "inaceitável".
No entanto, na sua conta, com mais de 8,8 milhões de assinantes, a NPR acrescentou, na sua biografia, a menção de que é uma organização “independente”. A NPR diz que é financiada, principalmente, por publicidade, patrocínios e contribuições de ouvintes e por uma pequena quantia de ajudas federais. As outras contas do Grupo (cobrindo notícias políticas ou musicais, por exemplo) não receberam esta menção do Twitter e continuaram a fazer as suas publicações na rede social. O Grupo BBC está na mesma situação, relativamente à sua classificação, em que as outras contas não têm essa menção. No entanto a conta da BBC continua a “tweetar” e a “retweetar” artigos de outras contas do Grupo.
Recorde-se que, estes episódios surgem poucos dias depois de o Twitter retirar ao New York Times a certificação oficial da sua conta, que não se alterou até à data, à qual Elon Musk acusa de ser propagandista.