Associação espanhola de “media” contra o novo “chatbot” “Bard”
A Associação dos Meios de Informação espanhola (AMI) adverte que a ferramenta Bard, um novo chatbot lançado pela Google, utiliza em massa o conteúdo dos meios de informação, sem ao menos citar as suas fontes de informação.
De acordo com as primeiras verificações efectuadas pela AMI, o novo chatbot "aproveita o esforço de investimento dos editores e agências de informação e o trabalho dos seus jornalistas".
Questionado sobre as fontes utilizadas para a elaboração das suas respostas, o Bard limita-se a dizer que não pode ajudar nessa questão. Dessa forma, os media não recebem os devidos créditos por serem a fonte de informação sobre a qual a ferramenta produziu a sua resposta.
Para além disso, a AMI denuncia que o Bard procede, ainda, a uma captação maciça de dados pessoais dos utilizadores, que serão utilizados para rentabilizar os seus perfis para publicidade, numa nova interferência no direito à privacidade das pessoas.
Por outro lado, a Associação aponta que a própria ferramenta alerta para algo importante: os resultados que oferece não são necessariamente confiáveis. Com isso, fica declinada a assumpção de qualquer tipo de responsabilidade, colocando em risco a confiabilidade das informações que os cidadãos recebem.
O comportamento do Bard é semelhante ao iniciado, há alguns meses, pela Microsoft, com a ferramenta ChatGPT.
A assembleia geral da AMI aprovou, em 2022, os seus pedidos aos reguladores, criadores e implementadores de Inteligência Generativa Artificial (IAG), solicitando que “só com consentimento expresso é que a informação jornalística pode ser utilizada para alimentar a IAG, respeitando assim o esforço de investimento e a responsabilidade assumida pelos editores de informação".
A AMI adverte, ainda, que o lançamento do Bard, pela Google, foi feito sem qualquer tipo de diálogo com esta Associação, que representa os interesses dos principais editores e agências de informação de Espanha.
Da mesma forma, apela a todas as forças políticas e partidos em campanha eleitoral para que assumam um claro compromisso de assegurar "a adequada protecção dos direitos dos meios de informação na relação assimétrica que mantêm com as plataformas tecnológicas, com a responsabilidade de exercer as obrigações reforçadas que a Espanha assume desde a presidência da União Europeia".