A crise da Imprensa não abranda com “jornalismo de trincheira”
O Relatório sobre a profissão de jornalista 2002, da APM - Associação de Imprensa de Madrid, denuncia a falta de independência económica e política dos meios de comunicação. “Uma esmagadora maioria, mais de três quartos dos entrevistados, respondeu terem sido pressionados para modificar conteúdos importantes das suas informações e mais da metade das vezes foram pressionados pelos dirigentes do seu órgão de informação”, que deveriam ser os primeiros a ter interesse em defender sua independência”, afirma Miguel Ormaetxea em artigo publicado na Media-Tics.
Segundo o relatório citado pelo autor, os jornalistas do país vizinho são “mal remunerados, a maioria trabalha mais de 40 horas semanais, 82% consideram que a imagem da profissão é má e culpam principalmente os responsáveis pelas empresas jornalísticas por esta situação”.
Perante este cenário, Ormaetxea interroga: “como é possível que encontremos 23 mil estudantes de jornalismo em Espanha, e perto de quatro mil mestres?” E, dá como resposta um possível motivo, “talvez sobreviva uma imagem romântica e glamorosa da profissão que em nada corresponde à realidade vigente”.
O autor afirma “ser constrangedor ver nas bancas as primeiras páginas de jornais a mesma informação titulada de forma diametralmente oposta. Chamam a isso jornalismo de trincheira, mas deveria ser chamado de jornalismo lixo”.
Acrescenta ainda que “a imprensa escrita, está em declínio”, apresentando as quebras vendas de vários jornais publicados em Espanha:“El País, que vendeu perto de meio milhão de exemplares: 59 mil exemplares (-7%); La Vanguardia, 56.000 (-9,7%); ABC, 42.000 (-11%); El Mundo, 37.000 (-4,3%). A situação dos jornais económicos é igualmente negativa: Expansión, 10.000 exemplares (-5,9%); Cinco Dias, 7.800 (-21,8%); The Economist, 3.700 (-20%). Outro problema mencionado são os bloqueadores de publicidade, que disparam em todo o mundo, que já atingiram mais de 300 milhões de computadores e 530 milhões de telemóveis. “No geral, a maior parte da publicidade digital é tomada por plataformas de tecnologia sem produção de conteúdos” afirma Ormaetxea